quinta-feira, 31 de março de 2011

ROUPA, CHOCOLATE, E UM PINGENTE DE BAILARINA


Ela tem poder de virar as cabeças, balançar as pernas e apertar os corações. Pulsações na batida da música. Que música? Se ela dança, eu danço. Mentira! Eu não sei dançar. Mas também não sei escrever e escrevo. Talvez porque seja a única forma de tentar (eu disse tentar) expressar o que Elaine é. E o que Elaine é? Eu sei lá. Ainda não inventaram um jeito de expressar o tudo. O tudo é muito tudo, sabe?!? Elaine é como um furacão vindo ao norte de um lugar qualquer, varrendo a varanda pra deitar numa rede que não existe, pra namorar o mundo, e se fartar com as paixões. É convicção das puras, é o entender que não se precisa pensar antes de agir, e que agir é coisa do bem. É bem casado, casadinho e desquite até. É bolo de aniversário de chocolate, é o lambuzar o canto da boca, é o beijar de língua mesmo que a boca esteja suja de glacê. É o dar as mãos pra abraçar o planeta e esticar os dedos para tocar numa estrela. É cometa, meteoro, Plutão, Marte e Vênus. Ela é de outro mundo. E é daqui mesmo. Está na esquina e no fim da rua. Dá as mãos pra atravessar a vida olhando para os dois lados. É o olho fechado que só se fecha quando se sonha. É o sonhar acordado. É o brilho do luar e é a chuva que nos molha. Eu me molhei. Foi arco-iris no dia nublado de inverno e pintou o sete no número oito do dia nove. É matemática aplicada na veia, é “véia”, nova e meia idade. Tem gosto que gosto de sentir. Sabor manga morena do pecado. Não tem pecado algum. Ela é a quitanda e o multi hiper mega mercado. Fechada pra balanço, balançou. Então teve furacão e terremoto? Não, não teve, foram só metáforas. Eu sei lá. O tudo é tão tudo. A página vai acabar e nem comecei. Nem sei por onde começar. Você é começo, meio e fim. Morro e vivo todos os dias em seu colo. E não há roupa chocolate ou pingente de bailarina que expresse o quanto eu te amo. Eu sei que essa crônica é sua, mas é que não consigo mais saber onde termina você e começo eu.

O NOSSO MUNDO AINDA NÃO ESTÁ PERDIDO

A VIDA COMO ELA É


Pronto. Acabou. Lá se foram quatro anos. Lá se foram bons tempos.

Tempos bons que não voltarão.

Tempos de bagunça, tempo de risadas, tempos de amizade. Tempos das colas em Latim, tempos das inúmeras xérox que eu insistia em não tirar, tempos dos professores prepotentes (e dos bons professores também, claro), tempos de correria para não chegar atrasado, tempos em chegar atrasado de propósito, tempos de matar aulas do Alex para ficar de papo na cantina...

Tempos de ouvir as barbaridades do Salvalaio, as pérolas de Sayo, os “na minha x...” de Mikaela. Tempos de Janis Joplice de Thiago, do chegar faltando dez minutos para acabar a aula na maior cara de pau de Janine, tempos do “ok” do Léozão. Tempos dos “depósitos” de um real em regos alheios. Tempos de ferroadas que nem eram tão ferroadas assim. Tempos das coxadas e morceguices...

Tempos do companheirismo. Tempos do apoio em perdas, do saudar nas conquistas. Tempos de livros escritos, “casamentos casados”, mortes doídas, nascimentos, gravidez, beijos, xavecos e mãos passadas nas bundas. Tempos de uma turma que não era só da bagunça. Tempos de gente que estendeu a mão, que acolheu, que tomou para si. Tempos de brindes e sorrisos sinceros. Tempos de abraços sinceros. Tempos de amizades sinceras. Não havia interesse fora em te ter como brother.

Tempos de Rosa, Machado, Clarice, do teatro do absurdo, da concepção bancária, de Kant, Schopenhauer, Freud, dos monitoramentos lingüísticos... Tempos do (eca) Marcos Bagno, do Demônio da Teoria, do Gradus Primus... Tempos da cara do Serjão Amaral esperando-nos comentar o texto que não lemos, das tentativas de ensinar sem sucesso do João Paulo, dos olhos azuis da Luciana, das pronuncias em alemão do Carlos, das toses (bati três vezes na madeira) do Paiva, da elegância do Sodré... Tempos até de quem não me lembrei.

Com o passar dos dias alguns se achegarão mais, outros menos, e outros simplesmente serão só uma imagem na cabeça. Que pena que o tempo não pode congelar...

Acabou. Lá se foram quatro anos. Lá se foram bons tempos.

Tempos bons que não voltarão.

Ainda bem que nos restarão as memórias.

A vida como ela é, a vida como ela foi e a vida como ela será.
Me deixem plagiar o Gil: “Ai que saudades d’ocês...”

O MUNDO PERFEITO


Certo dia pensei num mundo perfeito. Campos verdes, grandes gramados, árvores grandes, recheadas de saborosos frutos, e flores, muitas flores, cheirosas. Ar puro e temperatura média, nem calor e nem frio. Animais livres, correndo de um lado para o outro. Enfim... Um mundo perfeito. Pensei também em quem seria o humano que poderia povoar esse novo mundo. Pensei, pensei e... Sayonara! Pimba! Assim como estalo. Não que minha irmã seja perfeita, longe disso, ninguém é na verdade. Mas que ela se aproxima, isso sim. Quem mais tem essa carga de bondade que ela tem? Parece uma bateria renovável de bondade. Uma bondade pura como água de nascente. Sem interesses. Aliás, interesse sim, mas em fazer amizades. Tim Maia bem disse: “Não quero dinheiro, eu só quero amar”, viu Cabeção? Acho que ele fez a música pra você. E assim como criança que coleciona conchinhas lá vai Sayonara colecionando amigos. Amizades sinceras. Ninguém sente-se capaz de tirar algum tipo de proveito de sua amizade, pois ela é tão sincera que nos inibe de nutrir qualquer mau pensamento, seja ele qual for. Sayonara você tem uma blindagem do bem. Plantou tantas boas sementes que agora vive numa floresta amazônica do amor, onde a única espécie em extinção é você. Mas apesar de quase extinta você, pessoa do bem, está aí, viva, distribuindo boas vibrações. O mundo não está perdido, ainda... É tão engraçado vejo camisas escritas 100% negro, 100% Mengão, mas você veste uma que diz 100% bondade, e não é camisa, você veste é uma alma. Como perfume se espalha e transforma o dia de muita gente. E nós, que temos a sorte de usufruir você, podemos curtir pelo menos um pedaço desse mundo perfeito.

DRUMMOND NA VOZ DE DRUMMOND - E AGORA JOSÉ?

O MONSTRO


Criciúma, Santa Catarina 1967. Ângelo é um menino atormentado por demônios. O garoto, de 12 anos, era uma figura estranha, que falava pouco, e de nenhum amigo. Estava sempre de cara amarrada e nunca sorrira.  Ele vivia em uma casa humilde da zona periférica da cidade. Lá ele era conhecido, e temido, por todos da vizinhança. Vivia ao lado de seu pai, Lúcio, um senhor humilde, viúvo, que trabalhava vendendo garrafas. A história de Ângelo e seu pai era muito estranha. Já na morte de sua mãe suspeitas pairavam no ar quanto a uma possível possessão do menino dando essa como a causa original da morte dela. A esposa de Lúcio morreu estranhamente após uma suposta queda que a fez torcer o pescoço. Quando foi encontrada, estava com o rosto virado para trás, como se algo, ou alguém, com força sobrenatural tivesse feito aquilo. Legistas da época disseram que uma queda poderia fazer o corpo dela ficar daquela forma e esta foi à versão oficial. Daí em diante especulações foram feitas a respeita do menino por toda a cidade. Diziam que o assassinato foi encoberto pelo governo local, temendo por manchar o nome da cidade nacionalmente, ou que o poder do menino era tamanho que corrompia a todos que suspeitassem de seu suposto “estado”, enfim, várias possibilidades foram criadas pela imaginação do povo. As atitudes de Ângelo corroboravam com as suspeitas de todos. Apesar de toda essa circunstância o menino estudava e de vez em quando ia com seu pai à busca de garrafas para se serem colhidas e vendidas. Porém a história do garoto que era de conhecimento somente dos locais chegou aos ouvidos de Gabriel Alves, um repórter de um famoso jornal sensacionalista do Rio de Janeiro, que decidiu ir ao local para entrevistar o menino e descobrir se tal história era ou não verdadeira. O repórter chegou a Criciúma e partiu para mais uma de suas “reportagens investigativas”. Quando perguntava aos vizinhos sobre o menino todos foram unânimes em dizer que o repórter devia ir embora e “não mexer em coisa que não se sabe o que é”, o repórter sempre sorria e agradecia os conselhos. Gabriel chegou à casa de Ângelo, bateu a porta. O menino atendeu. Ele se apresentou e perguntou se podia entrar, o menino deixou. Gabriel disse que queria fazer uma entrevista com Ângelo. Quando ele perguntou se podia o menino fez um gesto com os ombros como que dizendo que tanto fazia, Gabriel perguntou:
_ Onde está o seu pai?
Ângelo
_ Não o vejo há três dias.
Gabriel, visivelmente assustado com a aparência da casa:
_ Três dias? Você está sozinho esse tempo todo?
Ângelo, sem mudar a feição:
_ Sim.
O repórter ainda mais assustado, porém fingindo estar bem:
_ Me conte um pouco de sua história rapaz. Tem amigos? Uma namoradinha talvez?!? Gosta de brincar de que?
Ângelo mudando a feição e fazendo cara de quem estava chateado com aquelas perguntas:
_ Não tenho amigos, nem namorada, e não gosto de brincar de nada.            
Gabriel arregala os olhos, depois os fecha lentamente. Enxuga o suor que estava em sua testa. Dá uma assoprada como se quisesse botar pra fora todo o medo que estava sentindo, começou a achar que poderia realmente estar à frente de uma pessoa dominada pelo diabo. Mas depois, decidiu consigo próprio que aquilo era besteira, não convenceu nem a si mesmo, mas apesar de vacilante continuou a entrevista:
_ Podemos falar sobre a morte de sua mãe?
Ângelo mais uma vez dá de ombros. Gabriel pergunta como foi.
O menino diz:
_ Foi o monstro. Ele sempre maltratava minha mãe. Eu não conseguia ver. Mas era o monstro.
O repórter tomado pelo medo prossegue:
_ Monstro? Você não conseguia ver? Pausa. Modificando o tom de voz: Você era tomado por alguma força estranha?
Ângelo:
_ Não. Eu ficava cego e surdo. Só sabia que maltratava ela porque ela ficava triste. Dizia o menino com o semblante estranho de sempre.
Gabriel:
_ E seu pai?
Ângelo:
_ O que que tem?
O repórter:
_ Ele não fazia nada? Não lutava contra o monstro?
Ângelo quieto. Não respondeu. E Gabriel com ar de que havia elucidado o mistério fez a “pergunta chave”:
_ Isso porque o monstro era você não é?
Ângelo, quase sussurrando:
_ Não.        
Gabriel, agressivo:
_ Não me faça de idiota! É você! Tá na cara! Aposto como também tentou matar o seu pai!?!
Ângelo levantou a cabeça rapidamente, e olhou com ar raivoso na direção de Gabriel, porém não parecia que era para ele, e com a voz firme respondeu:
_ Tentei sim! Várias Vezes! Depois que mamãe morreu eu vi quem ele era. Só que ele não morre. Eu mato e dias depois ele volta. Eu mato de novo e ele volta de novo. Eu não consigo, mas não vou desistir...
Gabriel confuso:
_ Então quem é o monstro afinal?
Ângelo olhando para Lúcio que estava atrás do repórter responde:
_ Eu costumava chamar ele de PAI.
Gabriel nunca mais foi visto.                

O VERDADEIRO CAMPEÃO DO BIG BROTHER

SOCIEDADE DOS NOMES PRÓPRIOS



São tantos os nomes ou sobrenomes engraçados e curiosos que pais e mães dão aos seus filhos. Eles só se esquecem de uma coisa: O que seus filhos vão pensar e achar disso. A maioria tira de letra, mas alguns sofrem muito com isso, e, para tanto que existe a F.O.D.A. Mas calma isso não é um palavrão! É simplesmente a sigla de Fundação de Opositores De Alcunhas Adquiridas, com sede na capital paulista há mais de dez anos. 

Ela que é administrada por um rapaz chamado Antônio serve para ajudar quem tem dificuldade de lidar com seu nome e/ou sobrenome. Uma dessas pessoas era Oscar. Ele simplesmente tinha ojeriza de seu nome todo. Como sua família era de origem espanhola seu sobrenome era Haio Roucho. Imagina quando liam em voz alta o nome completo dele “Oscar Haio Roucho”! Ele foi, e é altamente complexado por causa disso. Morria de vergonha na escola. No serviço militar foi motivo de horas de riso do cabo que o atendeu. Nunca namorou preocupado com o nome, até finalmente achar sua esposa, Irene, que por sinal foi quem lhe indicou para o F.O.D.A sem ele saber. 

Quando namorou com Irene mudou o sobrenome para Silva só para não assustá-la. No dia do casamento quando o padre disse seu nome todo teve que aguentar risinhos comedidos dos convidados. No trabalho, conseguiu esconder dos colegas por muito tempo seu nome completo, até seu documento cair na mão de um dos amigos mais gozadores da turma, resultado: Ele é sacaneado a cada quinze minutos. Tudo isso foi combustível para Irene mandar a carta para a fundação. Em um belo dia Oscar recebeu um bilhete, com letras e números recortados de revistas dizendo: Você é o número 70. Oscar não entendeu nada e achou que era algum trote. Depois recebeu outra carta desta vez com os dizeres: Sabemos de seu problema quanto ao seu nome. Ligue para este número e receba maiores instruções. Apenas diga que você é o número 70. Não conte isso a ninguém.

 Curioso Oscar ligou:
_ Fundação bom dia!
_ É... Bem, sou o número 70.
_ Ah sim, senhor Oscar, seja muito bem vindo a nossa fundação. Precisamos que o senhor anote um endereço. E imprescindível que o senhor venha hoje aqui.
Ele correu e anotou tudo. Decidiu ir até o endereço, lá encontrou uma padaria chamada Padaria Leva um Cacetinho e definitivamente achou que era um trote de mau gosto. Mas, antes que fosse embora viu um homem de origem árabe se aproximar e dizer ao pé de seu ouvido:
_ Número 70, estávamos lhe esperando, venha comigo.          
Oscar foi. Chegando aos fundos da padaria ele subiu uma pequena escada e chegou à sede. Leu na porta de vidro F.O.D.A. Perguntou?
_ Foda? Que porra é essa?
Ele mesmo riu do trocadilho que acabou fazendo sem querer. O homem que lhe acompanhava pareceu não gostar muito do comentário de Oscar. Eles chegaram e foram ao encontro de Antônio, líder da fundação:
_ Aqui está ele senhor Antônio. Ele tem um péssimo senso de humor!
_Obrigado Voulin, pode deixar que agora eu falo com ele.
Oscar viu ao longe várias pessoas no que parecia ser uma sessão de auto-análise. Porém o dialogo entre os dois começou à parte:
_ Bem Oscar sabe por que está aqui?
_ Pra falar a verdade não. Sei que sou o número 70, seja lá o que for isso. Está tudo muito estranho a começar por essa padaria levar um cacetinho. Não tinha nada mais sexual não?
E riu. Antônio continuava sério.
_ Realmente seu senso de humor não é dos melhores. Voulin tinha razão. Olha, quanto à padaria, já tentamos falar com o número 30, ou melhor, com o Manuel, para mudá-la várias vezes, mas como cacetinho é o nome do pão que é sua especialidade, e esse era o slogan dele...
_ Número 30?
_ É. É o senhor Manuel Boa Morte. Acredita que ele está aqui mais por causa do Manuel do que pelo Boa Morte? Ele sempre achou que esse estigma de português, bigodudo, chamado Manuel era o fim. Agora que ele está se adaptando.
_ Ah ta. E esse foda aí da porta?
_ Bem. Foi criação de meu pai. Fundação dos Opositores De Alcunhas Adquiridas. Quando ele bolou o nome da fundação ele nem imaginava essa sigla. Mas, como ele faleceu e essa foi sua vontade, eu a manterei.
_ Ahã, ta bom. E... Que papo é esse de número 70?
_ Bem na verdade o senhor seria o número 69, mas como achamos esse número muito sugestivo decidimos muda-lo para 70. Também não temos o número 11 por ser um atrás do outro e o 24 por motivos óbvios.
_ Hum... Sei. Entendi. É um lugar pra quem tem o nome esquisito como eu.
_ Exato.
_ Mas igual ao meu não tem.
_ Aé? Ta vendo aquela loira linda ali sentada a sua direita?
_ Sim.
_ Ela é da sessão de nomes estrangeiros. Ela é italiana chama-se Cecília Bucceta. Igual ao nome daquele mafioso lembra? Também pronunciamos Brusqueta aqui para ela não ficar sem graça. E aquele outro ali é de família espanhola como você, ele se chama Álvaro Porra. Que sobrenome né? E o Voulin? O sobrenome dele é Rabáh. Leia o nome dele rápido pra você ver. Ta vendo o japonês lá na ponta? Ele se chama Tacofuro Naraxa. Imagina como ele foi constrangido na escola por causa desse nome?
Oscar não agüenta e cai na gargalhada. Antônio fica sério. Depois de alguns instantes o rapaz pede desculpas. Antônio as aceita parcialmente. Oscar continua:
_ E você? Antônio. Nome bonito.
_ É. Sem dúvida. Mas meu sobrenome... Eu estou na sessão cacofonia. Meu sobrenome é Botelho Pinto. Assim como de meu pai. Agora sabe por que ele criou a fundação!?! Mas... Tem mais. Ta vendo aquele rapaz careca ali na janela. Ele é o Armando Pinto. Hoje faltaram, mais tem o Caio Pinto, o Felipe Pinto Soutto, o Adolfo Dias, e o campeão, coitado, o Serafim do Pinto. Oscar pragueja:
_ Jesus Cristo.   
_ Tem também.
_ O que?
_ Jesus Cristo. É aquele ali de jaqueta jeans, ele faz parte da sessão nomes por homenagem. Tem também o Elvis Presley e o Pelé, isso mesmo, Pelé da Silva Oliveira.
_ Caracas.
_ Hum. Precisa ver o número 8 chama-se Barriga. Seus pais deviam estar muito drogados no dia que o batizaram. Tem o Usnavy também.
_ Que diacho de nome é esse?
_ Não lhe é familiar? U.S.Navy. Seu pai era muito fã da marinha americana. Tem a Tesuda também.
_ E ela é gostosa mesmo?
_ Não. Sim. Quer dizer, não sei. É nome, não apelido. Seus pais quiseram homenagear as tias em seu nome e como elas eram Teresa, Sueli e Damiana já viu no que deu né?
_ Nossa já me sinto bem melhor sabendo que não sou o único com o nome esquisito no país.
_ Que bom. Essa é a idéia do F.O.D.A.Vai se filiar?
_ To dentro.
_ Lembre-se nossa fundação é secreta. Se isso cair nas mãos de algum jornalista, ou principalmente de algum comediante estamos ferrados!
_ Pode deixar serei sigiloso. Hein, como vocês me acharam?
_ Sua esposa, Irene.
_ Ah.
_ Ela é a número 2.
_ O QUE???
_ Nunca a perguntou por que ela não voltou mais a cidade onde nasceu?
_ Não. Por quê?
_ Bem, ela não vem mais as sessões. Faz uns cinco anos mais ou menos.
_ Cinco anos? É o período que eu a conheço.
_ Pois é. Você foi o primeiro namorado dela também. Ela só namorou alguém, que por acaso foi você, depois que conseguiu tirar o sobrenome da identidade. Ela era super humilhada na cidade onde nasceu por causa do sobrenome.
_ E qual era esse sobrenome afinal?
_ Lembre-se do sigilo.
_ Claro. Qual era?
_ Xereca.
Oscar ri copiosamente e uns dez minutos depois diz, ainda rindo:
_ Não vou participar da fundação!
_ Por quê?
_ Porque vou quebrar o voto de sigilo. Desculpe. Mas... Dá licença que agora vou correr pra casa e zoar muuuuuito a minha mulher!!!  
Tempos depois nasceu o filho deles – OSCAR HAIO COM XERECA JÚNIOR.    

O MEU TIME


O distintivo que, como por mutação, adentra a pele.
Bem no peito, ao lado do coração.
Tomando dele um espaço significativo.
É paixão incondicional. Fidelidade fundida a ferro e fogo.
É sangue, suor, lágrima e eufemismos.

É tesão desenfreado, é calor na alma.
É mesquinharia. É vontade de nunca perder.
É a vitória que talvez você nunca tenha a chance de ter na vida.
É vida na sua expressão mais infantil.
É o ser criança de novo.

Quando a bola rola você vira bandido e mocinho.
Vilão e herói. Não há heróis de verdade.
Porque a verdade se perde no meio de tanta emoção.
Só existe o espaço e seu time.
Aquele amor que te aperta o peito.

Que te agarra com a força de uma garra de leão.
Que, valente, não te larga.
Como presa laçada que não quer ser solta.
Você é tomado. Pobre fanático!
Terá a riqueza do incontrolável.

Pode explodir. O mundo é seu.
Ganhamos. Perdemos. Sei lá.
Meu time não vive de conquistas.
Meu time vive pra me fazer amar o imponderável.
Ele nasceu no meio do nada para lugar nenhum.

Ele está em todos os lugares.
Foi pra lá e pra cá.
Dançou no infinito dos reinos divinos.
Tomou duas parceiras para junto a ti.
A noite e o dia.

A certeza das dúvidas eternas.
O terminar, mediar e recomeçar.
É o abraço do desconhecido e o beijo da Dona vida.
Na saudade, saudosa, saudável. É o choro da criancinha.
Opa aquela criancinha era eu.

Eu não sei mais onde começa o meu time e termina eu.
Só sei que nosso casamento foi traçado na maternidade.
E, se levei algum tempo para perceber isso, hoje sou grato.
A um doce destino. Agridoce nos acontecimentos.
Mas acolhedor nos momentos exatos.

Hoje eu estou feliz. Meu time foi o primeiro.
Não quero saber de mais nada.
O mundo irá girar como a bola na hora do gol.
Que descolou a alma de meu corpo, e tirou o coração de meu peito.
Agora posso gritar. É campeão!


DÚVIDA DE UMA CERTEZA*


Por mais paradoxal que seja só acredite naquilo em que você duvide. Isso mesmo. Conteste. Acreditar piamente em algo é coisa de alienado e radical. Cada vez que você duvida de alguma coisa a põe em xeque. E é aí que você passa a ter certeza. Pois se você tem uma dúvida, e a sana, é porque aquilo em que você acredita é real e passível de ser posto a prova e, mesmo assim, ser verossímil. Em contra ponto quando você acredita piamente sempre fica, bem lá no fundinho, com o poder da dúvida. E aquele que diz que acredita sem contestar, no íntimo, deve se roer de questionamentos, mas, por medo, receio, ou sei lá o que, prefere não bater de frente a suas convicções. Quero que fique claro que quando aponto que devemos contestar a tudo, é a tudo mesmo! Religião, política, sociedade, família e a nós mesmos. O problema do Brasil não é corrupção, não é a criminalidade ou a educação, e sim a falta de senso crítico. Todos aceitam tudo sem contestar no nosso país. Com isso somos facilmente dobrados e nos empurram, goela abaixo, qualquer tipo de coisa. É muito mais salutar que alguém viva, como se diz, sempre achando que vivemos envolvidos por “teorias de conspiração” do que conviver com um “cuca fresca” alienado. Pare sempre pra pensar. Leia as entrelinhas. Veja o que não está explícito. Reflita. Reflita. Reflita. Duvide de tudo e, principalmente, duvide deste texto e de mim.   

* Título tirado da poesia de Marcos Antônio Fagundes

O ÚLTIMO BISCOITO DO POTE


Meu Deus quanta coisa pra falar dessa guria. Não faço a menor idéia de por onde começar. Irreverência? Luta? Força? Inteligência? Todos. Pronto! Mônica é a síntese do mundo. Tudo é com ela. Chegou de mansinho e como uma bomba atômica nos devastou, formando uma nuvem gigantesca a perder de vista, emanando uma radiação do bem. Fomos todos contaminados por uma moniculite aguda e, intoxicados, viramos dependentes de sua presença para viver. Que poder hein?!? Como São Jorge mata um dragão por dia com a graciosidade de uma Ana Botafogo. E cospe fogo para defender seus amigos, em especial de seu partner de plantão, Thiago. Com uma franqueza impar nos aponta os caminhos certos e errados. Sabemos o destino do guiar de Mônica: a vida. Com um gingado de um capoeirista dá uma rasteira nas dificuldades da vida e como Garrincha dribla qualquer problema com a mesma irreverência deste folclórico jogador. Tem a força e a impetuosidade latente, sinônima à voz de Ana Carolina. Mônica é rock, MPB e bossa nova. É bar, cerveja e gargalhadas. Ela é as coisas boas da vida. É a parceira ideal do truco da convivência. Não tem conveniências. Só verdades. Que parceirona! Gente boa! Essa, eu posso dizer, é o último biscoito do pote! Ela pode! Não sei se a moniculite aguda está me atacando mais forte. Só sei que cada dia gosto mais dessa guria.

O ABORTO QUASE DEFINIU UM PRESIDENTE


O Brasil tem uma nova presidente. Que Deus abençoe sua mente e coração e que sua administração seja bem executada e que finalmente possamos deixar de ser “um país de terceira com pessoas de primeira” para sermos “um país que não precisa de nomenclatura de terceiros”. Mas o assunto que quero dissertar é o seguinte: A influencia da questão do aborto na campanha eleitoral. Sim, em cantos opostos da questão os dois até então candidatos a presidencia da república à época (já em segundo turno), Dilma Rouseff e José Serra. A primeira, em declaração dada meses antes da campanha eleitoral, afirmou ser a favor da “abertura das conversas sobre a [possível] legalização de lei do aborto” e o outro, utilizando de meios nada ortodoxos espalhou tal declaração (você deve ter recebido, na época, algum e mail ou scrap do Orkut falando sobre isso né?). Dilma Rouseff, após a carga negativa de tal afirmação, veio a publico dizer que era “cristã” e como tal era terminantemente contra essa lei, contrariando as suas próprias palavras ditas em tempos anteriores. José Serra, por sua vez, também veio a publico dizer que em nada tinha a haver nas quantidades absurdas de e mail e scraps enviados falando a respeito (afirmaram que Dilma era até satanista) tendo essa declaração sobre o aborto como carro-chefe. Agora, cá pra gente, difícil acreditar que o candidato tucano não tinha a haver com isso né? Bem, sabemos que uma campanha eleitoral é (infelizmente) uma guerra, mas os dois precisavam ser tão dissimulados e sem palavra desse jeito? Tanto Dilma quanto Serra venderam seus ideais em troca do apoio de A ou B, remando contra suas próprias convicções em prol de ganhar uma eleição. Uma pena! Falando especificamente sobre a questão do aborto, admito que, como cristão, tal assunto me assusta de fato, mas tê-lo como determinante numa corrida eleitoral já é um pouco demais. Temas importantíssimos como saúde pública, educação, economia e segurança foram literalmente postos de lado. Os índices de pesquisa (que não são lá tão confiáveis) apontavam uma queda da candidata petista e uma subida leve do tucano (aquele que disse que não tinha nada a haver com os tais e mails e scraps) e uma subida muito grande de Marina (será que, por ser evangélica, confiavam que ela seria totalmente contra o aborto?). Tais dados, até então no primeiro turno, deixavam claro que o tema legalização do aborto, era o determinante das subidas e descidas nos pontos percentuais dos candidatos. A participação dos cristãos nisso (inclui-se os evangélicos, claro) foi preponderante na mudança do panorama eleitoral. É óbvio que os evangélicos têm que ter participação ativa na análise dos projetos dos candidatos, e é claro que tem que defender seus interesses, mas opcionar seu voto por causa de um ponto especifico não é aconselhável. Imaginemos a situação hipotética de a candidata Dilma ser a favor do aborto, porém tendo um excepcional plano de governo e que os candidatos Serra e Marina fossem contra o aborto, mas tivessem um péssimo plano de governo, em quem você votaria? Nem me venha falar que votariam em branco ou nulo, por favor. Acredito que você que estiver lendo esse artigo tenha ficado em dúvida como eu também fiquei, mas paremos para pensar sobre o assunto. Chegou a alguma conclusão? Talvez não, não é? Pois o assunto é bem complexo mesmo. Então fica a dica para as próximas eleições. Não se deixe inflamar por um discurso que pontue um só assunto esquecendo de atentar-se ao que interessa, que é o plano de governo do candidato como um todo, pois as eleiçõs para prefeito vem aí. Ah, e só lembrando: O aborto continua proibido em nosso “laico” país.   
       

DÚVIDA DE UMA CERTEZA


Sou poeta.
Penso falo sinto.
Escrevo.
Sinto falo.
Não penso.
Escrevo.
Na hora que vem.
Na hora que não vem.
Sou poeta.
Porém o padrão é o meu tropeço.
A gramática é meu avesso.
Caio.
Levanto.
Apenas sou poeta!
Banho-me no chuveiro da
Cultura conta-gotas.
Não tenho dinheiro.
A cultura é “cara”.
Enforquem livros
Eles são elites...
Eu sou poeta romântico.
Realista.
Pós-moderno etc e tal.
Parnasiano?
Não!!!
O padrão é o meu tropeço.
A gramática é meu avesso.
Viva as expressões tristes dos santos!
Minha alma exala flores e espinhos.
Pedras e areia movediça.
Eu moro no campo.
Eu morro na cidade.
Mas nunca morrerei.
Eu sou poeta.
Eu não sou poeta?!
Eu sou poeta.
O mar é meu canto.
Quero apenas liberdade para me expressar.
Utopia nostálgica.
Verdade e
Mentira
Quero falar do futuro que se foi
Do presente que já vem e do
Passado que vivo.
Então eu sou poeta?!
Não importa se a cultura é cara
Pagarei a prestação.
E se por acaso eu for para o SPC
Sobreviverei com o famigerado
Lirismo de um bêbado.

De Marcos Antônio Fagundes.
Ele nem sabe, mas essa poesia é uma expressão de mim.

quarta-feira, 30 de março de 2011

CATIVANTE

É cativante a danada! Pronto! Todas as linhas que escreverei abaixo serão só para corroborar que, é cativante a danada da Mikaela. Talvez seja pela sua irreverência. Talvez seja pela sua alegria. Talvez pelas suas molecagens. Mas eu acho que é muito mais que isso. Como numa caixa de Pandora Mika guarda mais segredos dentro de si do que imaginamos. Não é só alegria. É alegria também. Mas quem vê o brilho nos belos olhos e o sorriso largo e quase pueril dessa garota, percebe que por trás de qualquer carapuça bate um coração muito doce e compassado com a vontade de viver e de fazer o bem. Tudo indiretamente. Sem querer ou sem saber ela espalha diversão por onde passa. Uma Midas do humor. Seu mau humor é tão engraçado que deixa Chaplin no chinelo. Eu penso que Dan Brown poderia escrever um livro de mistérios sobre ela. Um Best-seller para Tarantino filmar. Talvez um romance policial, ou uma comédia romântica, nem sei, mas tudo bem underground, claro. Essa criança grande seria um sucesso de bilheteria! A vida real seria muito mais imaginária e os sonhos ganhariam a verdade.   Mas a verdade mesmo é que essa vida é bem mais doce quando ela aparece, e nós, amigos vampiros, tomamos até a última gota de sua aura pra voltarmos satisfeitos pra casa. Pra lembrar e pra saber que de fato é cativante a danada da Mikaela! 

O X DA QUESTÃO


Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo, 2008. 2x + 10y – 8 = 3, esta é a equação que Vinicius e Caio tinham que resolver. Caio, 10 anos, sabia tudo de matemática, era um ferinha na escola. Vinicius, também 10 anos, era um aluno mediano, que não gostava nada da matéria, estavam fazendo o exercício passado pela professora. Irritado com a matemática Vinicius inventou uma teoria, no mínimo inusitada, sobre o “x”. Ele disse ao colega:
_ Sabe. Eu tenho uma teoria sobre o “x”.
_ É? Qual é?
_ O “x” tem mais a dar para o mundo do que só fazer parte de uma equação!
_ É mesmo?
_ É. O “x” esteve em todas as épocas do mundo. Sempre com destaque!
_ Que destaque cara? Você está é com preguiça de fazer a tarefa!?!
_ Né não Caio. Olha só. O “x” é número, é letra, é símbolo, serve de incógnita, de sinal matemático... É muita coisa para uma letra só...
_ Hum, pode ser.
_ É. Por exemplo, na matemática. Ele é sinônimo de vezes, de incógnita. Não tem o pi? Ele nada mais é do que um “x” com uma perninha dobrada.
_ Ah você já está forçando!
_ To nada. O “x” está em todas as partes da vida!
_ É? E no esporte então?
_ Aí que eu te digo! O “x” conseguiu uma façanha, ele está em TODOS os esportes. Sempre quando tem o “versus” qual é a letra que a representa? Hein? Hein? O “x”! Rio Branco X Desportiva!!! Brasil X Argentina!!! E naquele em que não tem o versus ele está presente nos nomes é “X Games”, é “X Style”, “Force X”...
_ Hum, pode ser... E no cinema então?
_ X-men, Triplo X...
_ Eu hein, você ta doido! Falando em cinema você está igual àquele cara naquele filme, o Bill Murray no “Número 21”.
_ Quem fez o filme foi o Jim Carrey e era “Número 23”. E eu não to igual o cara do filme nada! O cara virou um assassino e tal, e eu só estou te explicando uma parada muito sinistra.
_ Sei. E na história então?
_ Na história? Tem o Luis XXIII, o Malcom X que era o Martin Lutterking aquele cara lá dos Estados Unidos...
_ Hum, você só é preguiçoso na escola, quando é pra enrolar você logo põe a cachola pra funcionar! E na TV? Me diga lá seu sabichão.
_ Que tal uma mulher que fez sucesso em todo o Brasil e na América do Sul? A Xuxa. Olha que coincidência, ela tem dois xis no nome dela!
_ É. E nos livros então? Duvido que você encontrará algo com o x!
_ Literatura? Tem o “x” também. Tem o Cruz e Souza, o Oswaldo Cruz... Cruz não sei se você sabe, olhado de um outro ângulo nada mais é do que um “x”! E se fosse você eu ficaria preocupado.
_ Por quê?
_ Olha o número de sua casa, é 39. XXXIX. Outra coisa você mora a uma casa de uma encruzilhada. Encruzilhada-cruz-visão de outro ângulo-x.
_ É mesmo. Ah, mas isso é conversa fiada. Vamos voltar ao exercício.
_ Tá bom, eu tentei! Qual é a equação mesmo?
_ 2m + 10y – 8 = 3.
_ 2m? Não era 2x?
_ Era. Mas depois dessa conversa toda, decidi mudar. Pelo sim pelo não... 

SATÉLITES


E quando um grande cometa cai?
E se ele cair em você?
Você reles satélite vira estrela brilhante
Transverte-se de sol de tão feliz de ter

E eu satélite insignificante
Me encanto por você lua
E você sabe-se lá porque também se encanta
Fazendo eclipse: Eu nu, você nua

Com seu calor tu és sol
Me faz praia só para te aportar
Você desliza em mim
E eu viro noite só para te agradar

Minha estrela mais cadente sedenta de amor
Chama-me “satélite-oásis” se quiser dizer
Venha na primeira nebulosa de carona
Rumo aos meus mimos de prazer

Quando estamos juntos é uma verdadeira chuva de meteoros
É o salve-se quem puder mais gostoso do universo
Tem terremoto nas galáxias?
Se não tem, desculpe-me por ser réu confesso

Descobri o segredo do universo
Você é o “big” e eu sou o “ben”
Juntos somos a explosão dos sete céus
Somos o universo meu bem

ALEGRIA, ALEGRIA

A METAMORFOSE POR FRANCISCO EVERARDO


Resultado de imagem para quem conta um conto sandro bahiense

Agreste de Pernambuco. Francisco Everardo, 56 anos, era um morador do sertão pernambucano, tinha quatorze filhos (nove ainda moravam com ele), e era viúvo há seis anos. 

Após mais um dia árduo de trabalho, Francisco deitou-se em sua rede e dormiu, como sempre. Porém no outro dia, quando acordou, Everardo teve uma grande surpresa. Estava atrás de uma pedra há alguns metros de sua casa. Sentiu-se diferente, seu corpo agora era verde, tinha calda, quatro patas, e um pequeno coração - que batia apressadamente com a descoberta que não era mais um homem - havia se transformado num calango. Só não entendia como aquilo aconteceu. No final Francisco acreditou que aquilo era uma “visagem” de quem estava há muito tempo sem comer. Sua barriga de calango roncava igual à barriga dele homem. Mas estranhamente ao avistar um inseto, destes típicos do nordeste, foi acometido por uma vontade incontrolável de comê-lo, e instintivamente o fez em uma “linguada” só. Ele lagarto tinha o que comer. 

Com o inseto em sua barriga, o nordestino sentiu um misto de satisfação e nojo. Seu lado calango estava satisfeito por ter enchido a barriga, contudo seu lado homem estava enojado, afinal acabara de comer um inseto. 

Tudo aquilo era extremamente esquisito para ele. Atônito, Francisco tentava entender o que aconteceu, quando quase foi atropelado pelo seu filho mais velho, Cícero, que chegava de carroça. Logo pensou que Cícero perguntaria por ele, e que, como dariam sua falacomo dariam falataele quase foi atropelo pelo seu filho mais velho, Cum insetoe quando detava , ta, passariam a procurá-lo. Nada disso aconteceu, Cícero foi até sua cisterna, pegou um resto de água barrenta que sobrara e foi embora, sem nem ao menos perguntar por ele. Lamentou muito, mas ainda acreditou que uma hora dariam de sua falta. 

Até que sentiu uma pedra que passou a centímetros de sua cabeça. Ela foi atirada por Nazinho, filho caçula de Everardo. Nazinho gritava para os irmãos que pegaria o calango para comê-lo frito e começou a caçar seu próprio pai. Francisco corria e parava, olhando para ele como que querendo dizer quem era, que estava preso em um corpo de calango, mas o menino, afoito por ter algo de comer nem se atentava a nada, somente a sua caça. Vendo que não havia jeito, o nordestino correu e se escondeu em uma fresta de uma pedra despistando o menino. 

Depois de tudo mais calmo Francisco voltou a casa e disfarçadamente observou seus filhos no andamento normal de suas vidas. E percebeu que, até o final do dia ninguém sentiu sua falta. Ele viu que não tinha importância ali e voltou decepcionado para as pedras onde ficara. Chegando lá ele deparou-se com outro calango, aliás, uma “calanga”. Ele olhou assustado. Ela disse para que ele tivesse calma. Eles se comunicavam sem problema. A lagarto perguntou como ele veio parar ali. Já um pouco mais calmo, contou sua história, dizendo que era um homem, tinha filhos, era viúvo... Ela o interrompeu para dizer que também era viúva, pois um dos meninos dali de perto matou seu marido para comê-lo. A lagarto estava acompanhada de outros três lagartinhos. Francisco perguntou como era a vida dela e ela respondeu que era boa, pois tinha comida à vontade, porque insetos era o que não faltava, e que água havia bastante, pois gotas eram suficientes para eles. Ela disse ainda que a convivência entre todos os calangos era boa e que tinha uma família feliz e unida. Só lamentou a ausência de um companheiro desde a morte de seu marido. E que a presença dele ali era confortante para todos, arrematando dizendo que se ele quisesse ficar que seria muito bem vindo. 

Francisco aproveitou e perguntou se havia acontecido algo semelhante ao caso dele, e ela, apesar de querer o contrário, lamentou dizendo que sim, e que no final da noite o calango voltara a ser homem quando assim o desejava de coração. Everardo se confortou com a notícia em um primeiro momento. A noite foi passando e todos dormiram. No outro dia ao acordar ela se assustou ao ver Francisco ainda como lagarto e perguntou:
_ Você não mudou? O que aconteceu?
E ele respondeu:
_ Pensei durante toda noite e vi que não queria mudar, percebi que, como calango, encontrei outros que gostam de mim, me respeitam e sentem minha falta, posso ter uma família se assim você aceitar, enfim...
_ BOA É VIDA DE CALANGO!!!             

BOLA DE NEVE

Ricardo escreveu: “Taíse você é um tsunami de ternura” e como uma fagulha, ou como um pequenina bola de neve fez provocar, em mim, uma avalanche de idéias e pensamentos. Realmente essa onda varreu a nossa praia e nos tomou em cheio. Taíse chegou para ficar. Destruiu tudo de ruim que nos cercava e nos enxaguou as almas com ternura e um sem mais de bons fluidos. Tudo com uma discrição onipresente, e com uma arrogante humildade. Trata com seriedade as nossas palhaçadas e nos engana com sinceridade. Estende as mãos o tempo todo. Tem gente que quer até o braço dela. Talvez porque de pequena Taíse tenha só o tamanho, pois de espírito ela é gigante! Gigante como uma bola de neve, rolando morro abaixo, agregando amigos e amigos e amigos...     

LOVE STORY

PUTAS AINDA SÃO PUTAS


Putas ainda são putas. Elas não são princesas. Eu não sei mais onde nossa sociedade vai parar! Este mês fui vítima de uma enxurrada de informações referentes às prostitutas. Todas, pasmem, favoráveis. As mulheres de vida fácil viraram, dentro dessa nossa bizarra sociedade, meninas legais, princesinhas, quase santas. Tudo capitaneado pela famigerada Bruna Surfistinha, amparada pela Maria do Big Brother Brasil 11 e pela lembrança que não me saí da cabeça do filme Uma linda mulher com a Julia Roberts. Nos três casos as prostitutas (a tal da Maria não admite sua “profissão”) são legais, gentes boas, e tiveram uma vida profissional tranqüila, quase sem atropelos. É praticamente uma propaganda velada (vire prostituta e você poderá aparecer na Globo). Mas não é assim. O filme americano da Julia Roberts e do Richard Gere foi à maior bizarrice já inventada (admito, mesmo assim, que devo ter visto o filme umas dez vezes já, a maioria, acreditem, na sessão da tarde). Quem dera para as prostitutas que todos os clientes fossem bonitões e legais como o galã americano. Eles não são. São feios, gordos, e casados. Alguns drogados. Outros batem nas “meninas”. Elas tem cafetões (que também metem a mão na cara delas) e nenhum mocinho hollywoodiano a salva. Muitas se drogam como a Bruna Surfistinha (mal é falado no filme porque o importante é que ela era blogueira e ficou rica). Só que, infelizmente para as profissionais liberais de plantão, criar um blog não vai ajudar. A tal Rachel Pacheco é à exceção da exceção (e mesmo assim, na verdade, florearam bastante a vida da garota). A Raquel Surfistinha quase foi “pro saco” numa overdose e teve que se virar fazendo filmes pornôs depois da “fama”. Ela não ficou rica como se quis propagandear. Longe disso. Hoje ela aparece nos programas de TV como celebridade (meu pai) dando entrevistas contando de seu trabalho. Tudo no maior orgulho. Praticamente uma empresária (putz), mas na verdade verdadeira das verdades ela ralou e foi ralada (olha o trocadilho) pra caramba. Mas talvez se ela entrar no BBB, ficar chapada direto, tirar a calcinha e pegar nos paus dos caras, ela possa chegar à final, afinal ser puta é ser cool. Nada, nadica de nada mesmo, contra as “primas”, mas eu ainda sou do tempo que putas eram putas.   

terça-feira, 29 de março de 2011

O PASSAR-A-MÃO-NA-CABEÇA DOS DIAS DE HOJE NO BRASIL


Dia desses estava assistindo a um programa de TV quando apareceu um rapaz, viciado em drogas, dizendo-se “doente”. Seu estado (de doente) foi posto            como de acordo por especialistas. Isso mesmo que vocês leram. Um viciado em drogas é um doente segundo a nossa sociedade moderna. Eu não sabia que era uma doença que fazia com que o camaradinha, o sangue bom, o espertão, fosse lá cheirar uma carreira de cocaína, fumar um belo de um baseadão, ou uma pedrinha de crack. Será que essa doença (como será que ela se chama?) é parecida com o colesterol ou a diabetes? Talvez com a hemofilia... Pela primeira vez que uma doença é adquirida por livre e espontânea vontade do enfermo (colesterol e diabetes, por exemplo, também são “alimentadas” em alguns casos pelo próprio individuo, mas de forma indireta). O Fábio Assunção, cocainomaco, foi tratado pela mídia como vítima. O doentezinho. O coitadinho. Como se algum mal feitor tivesse posto a narigola do pobre rapaz a força naquele pó branco que ele jurava ser uma inofensiva carreira de trigo ou açúcar refinado. Tadinho. Ora bolas. O camarada vai se enterrar na droga e ainda saí de coitadinho. Pelo amor de Deus. Aí é demais. Esse tem sido um gravíssimo problema da nossa sociedade atual: O passar a mão na cabeça. Estamos em 2011 e todo mundo sabe que droga vicia, faz mal e pode matar. Só um estúpido em último grau que acharia que sairia ileso, após consumir entorpecentes. Então se todo mundo (todo mundo mesmo) sabe que as drogas são uma merda porque tratar o usuário como doente, como vítima? Ele não é vítima. Ele procurou. Tenho uma porrada de amigos (atenção: Grifanfo: Amigos) usuários de drogas. Eu nem ligo. Cada um usa o quer. O que me mata do coração é querer tratar o cara que enfia o pé na jaca como bobinho. É por passar a mão na cabeça desse jeito, como estamos fazendo, é que o número de usuários de drogas só tem aumentado. Isso é um circulo vicioso (literalmente). Se pararmos pra analisar que um menino de 17 anos, 11 meses e 29 dias, pode matar e ficar três anos recluso por ser “de” menor (isso mesmo que você leu, só três anos) o que mais pode nos acontecer? (Outro passar a mão na cabeça que nem vou citar). Com isso o tráfico contrata homens (?) cada vez mais jovens (ficarão pouco tempo preso em caso de serem pegos) para, exatamente, fornecerem a droga aos doentes que acima citei. Viu que bonito? Mas é isso. Tadinhos. Um dia a gente percebe que doente mesmo é a nossa sociedade.