COMO O TURISMO NO BRASIL FOI AFETADO PELA COVID-19
estimativa é que prejuízos podem causar perda de 115,6 mil empregos. Somente na primeira quinzena de março, o volume de receitas do setor de turismo brasileiro caiu 16,7% em relação ao mesmo período do ano passado, o que representa uma perda equivalente a R$ 2,2 bilhões.
A estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, divulgada hoje no Rio de Janeiro, projeta ainda que os prejuízos já sofridos pelo setor têm potencial de reduzir até 115,6 mil empregos formais.
Segundo a CNC, as restrições impostas pelo protocolo de ação em nível global para frear o ritmo de expansão do novo coronavírus, o Covid-19, e o fechamento das fronteiras a estrangeiros em diversos países atingiram em cheio o deslocamento de passageiros no Brasil e no mundo. Apesar das medidas econômicas emergenciais adotadas no mundo, a queda no fluxo de passageiros tende a impor severas perdas ao turismo.
«O setor de comércio, serviços e turismo é o que apresenta maior potencial de impacto negativo. As atividades econômicas que o compõem dependem da circulação de mercadorias e consumidores. Em especial no turismo, afetado frontalmente pela impossibilidade de viagens, reservas e visitações, ação necessária para prevenção ao novo vírus», explicou, em nota, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, alertando que o impacto no segmento do comércio será sentido com defasagem um pouco maior.
Recessão
O economista da confederação responsável pelo levantamento, Fabio Bentes, avalia que o setor de turismo vinha liderando o processo de recuperação econômica e tinha condições de voltar ao nível pré recessão até o fim deste ano.
«Caso a epidemia no território brasileiro siga o padrão chinês, o pico de contaminação se daria na segunda quinzena de abril. Todavia, ainda não é possível estimar como será a curva evolutiva do número total de casos no Brasil, afirmou o economista.
Para fazer o estudo, a CNC cruzou informações do Índice de Atividade do Turismo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com dados relativos ao fluxo de passageiros em voos domésticos e internacionais, levando em conta ainda as informações sobre a demanda por voos nos países mais infectados e o número de casos registrados da doença.
O cálculo do desemprego no setor leva em conta que, historicamente, para cada queda de 10% no volume de receitas do turismo, o nível de emprego no setor é impactado em 2%. Gerente de uma agência de viagens no Riacho Fundo, Anderson Rodrigues relata que praticamente todos os clientes cancelaram as viagens devido ao aumento da contaminação de coronavírus. Isso quebrou o setor de turismo. Como conseguiremos manter uma empresa de viagens na atual situação? Não há procura. O sistema está impactado, lamenta. Segundo ele, 60% dos cancelamentos são nacionais e 40%, internacionais. Ele estima um prejuízo de R$ 200 mil para a empresa. Tivemos de recorrer a empréstimo para colocar dinheiro em caixa. Aliás, precisamos acertar as contas básicas, de água, luz, telefone e internet. Para não perdermos tanto, estamos orientando a adiarem em vez de cancelarem, disse.
O empresário Victor Hugo Freitas, 27, administra três agências de turismo: em Sobradinho,
no Riacho Fundo e na Asa Norte. Ele conta que, no início de março, apenas os voos com destino a outros países eram cancelados. Agora, os nacionais entraram na lista. A situação é crítica. Estamos vivendo um momento de pânico. Cancelamos apenas neste mês, em média, cerca de 60 a 80 pacotes, o que equivale a uma perda de quase R$ 240 mil, ressalta. A expectativa, segundo ele, é imprevisível. Não tem como saber como vamos nos manter daqui para a frente. Vamos esperar passar essa pandemia para estimar os prejuízos, explicou.
O empresário aposentado Elton Oliveira, 63, estava com as passagens compradas desde o fim de fevereiro para o Rio de Janeiro. A viagem, marcada para 10 de abril, foi cancelada devido à pandemia de coronavírus. É tradição da família viajar todos os anos nesse período. Mas, infelizmente, precisamos saber que o momento não é oportuno, e preferimos não nos expor, até porque tenho diabetes e estou no grupo de risco, contou.
Setor abalado
O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal, Henrique Severien, analisa os impactos da pandemia nos serviços hoteleiros da capital. Da mesma forma que as companhias aéreas são afetadas, o nosso setor também é. Não há mais ninguém se hospedando em Brasília por causa de reunião de negócios ou de participação em eventos. Ainda há passageiros que precisam se hospedar por causa de cancelamentos de voos. Mas o cenário é quase zero, ressalta.
O presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília, Jael Silva, estima que a taxa de ocupação nos hotéis da capital seja de 10% a 15%. temos cerca de 400 estabelecimentos desse tipo na cidade, mas não tem ninguém. A preocupação, agora, é com o desemprego. Porque, em momentos de crise, os empresários demitem os funcionários. Contudo, estamos articulando estratégias para evitar a demissão em massa adiantou.
Editado por: Alan Santos Sousa
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