sábado, 5 de outubro de 2013

CONTO 'A MELHOR ATRIZ DE STATION FALLS'


A MELHOR ATRIZ DE STATION FALLS

‘Tudo pela arte’. Anne Markin era a melhor atriz de Station Falls, uma cidadezinha do interior da Inglaterra. Ser a estrela da cidade lhe bastava e sobrava. Todas as peças patrocinadas pela prefeitura da cidade tinham, como protagonista, Anne. Já havia feito todos os tipos de papéis, desde Lady MacBeth até uma montagem de gosto duvidoso de X Men. Sua carreira ia de vento em popa até a chegada de Alice Carlson, moça recém vinda de Londres, onde havia feito várias peças de teatro, algumas com figuras importantes e renomadas da grande arte.

Alice vinha à cidade para se tratar de problemas de saúde e logo a fama da “atriz de verdade” correu à pequena Falls. Moradores faziam fila para falar com ela e perguntar sobre como era contracenar com os atores mais conhecidos do Reino Unido. Todo esse alvoroço causou ciúmes em Anne, renegada agora a segundo posto no coração – e admiração - dos moradores da cidade.

Tudo ficaria ainda pior quando Anne soube que a prefeitura faria uma montagem de Romeu e Julieta na cidade e que Alice havia sido escalada para o papel principal, enquanto ela ganhara um papel pra lá de secundário.

Irritada, Anne foi conversar diretamente com o prefeito, questionando-o do porque da troca de protagonista, uma vez que ela era a “prata da casa” e que suas atuações sempre bastaram à cidade.

O prefeito, constrangido, disse que a escalação de Alice era para dar “um peso maior” àquela peça, uma vez que havia o boato que o governador poderia vir ao teatro da cidade assisti-la. As palavras “peso maior” ficaram martelando na cabeça de Anne, que sentiu seu sangue ferver de ódio e ciúme.

Decidida a não desistir tão facilmente do papel de Julieta, Anne propôs ao prefeito uma espécie de duelo pelo papel da mocinha. Vendo ali a possibilidade de arrecadar uns trocados a mais, o mandatário da cidade adotou a idéia e marcou para quinze dias depois a disputa. Alice, e depois Anne, fariam a mesma cena, e o povo decidiria à base de aplausos quem ficaria com o papel principal.

Enquanto Anne e seu partner ensaiavam intensamente, Alice sequer havia lido o roteiro. A tranqüilidade da rival só aumentava a tensão de Markin que decidiu que devia tomar medidas drásticas para vencer.

No dia das apresentações, Alice e seu parceiro de cena encenaram o ato final de Romeu e Julieta, emocionando o público que aplaudiu efusivamente. Na vez de Anne, ela e seu parceiro fizeram uma cena belíssima, quase real. Suas expressões na hora em que tomaram o veneno foram tão verossímeis que não houve dúvida: Anne vencerá o duelo!

Contudo a demora em ambos os atores se levantarem causou estranheza. Após algum tempo a notícia veio à tona. O veneno que eles tomaram era real.


O pobre ator não sabia deste pequeno "detalhe", mas Anne sim. Momentos antes de morrer, Anne deu um sorriso, certa que iria vencer, e seu último pensamento foi: “Não tem pra Alice, não tem pra ninguém... Eu sou a maior e melhor atriz de Station Falls”. É. Vale tudo pela arte...

CONTO 'RATÓPOLIS'


RATÓPOLIS

O regime de governo de Ratópolis sempre fora rígido, contudo após a possibilidade da guerra com a Gatolândia tudo atingira níveis alarmantes. Havia apreensão nas ruas e a possibilidade de o estouro de um confronto era iminente. 

O presidente, um estrangeiro, era visto o tempo todo com desconfiança. Terry Primeiro vivia sua maior crise de popularidade e nem seu slogan clássico “Super Mouse é seu amigo... Vai salvá-lo do perigo...” o segurava nas pesquisas.

Ter um ex herói (Terry, já velho, tinha quatro anos) significou, a princípio, a possibilidade da retomada do crescimento de Ratópolis, mesmo que um camundongo (e não um rato “puro”) fosse o governante. Mas era claro que a cada crise o fato do presidente ser um “roedor mestiço” vinha à lembrança.

Ainda mais agora que Terry havia elegido seu amigo de longa data o mexicano Ligeirinho como seu líder na câmara, renegando a segundo plano Jerry, favorito ao cargo, e que havia perdido a última eleição exatamente para Terry por ser “extravagante demais” segundo os eleitores.

Tudo ganhava contornos dramáticos, pois Ligeirinho era, paradoxalmente, muito lento em suas decisões o que deixava a população apreensiva quanto às táticas de defesa quanto à possibilidade de um ataque de Gatolândia.

Isso fez com que Jerry passasse a liderar uma campanha declarada a favor do impeachment de Terry. O senador tinha o apoio dos cineastas Pink e Cérebro (que haviam acabado de ganhar o ‘Rato de Ouro’ pelo filme “A crise de uma ratoeira só para um”) e do mais famoso apresentador de TV do país, o incrível Coçadinha. O treinador Splinter, o piloto herói de guerra Stuart Little e até o chefe número um de restaurante de Ratópolis Monsieur Ratatouille apoiavam a idéia.

Encurralado, o presidente Super Mouse sentia-se preso numa ratoeira (a qual tentou por três vezes mudar o nome para “camundongadeira”, sem sucesso) e então decidiu tomar medidas desesperadas. Não havia jeito. O jeito era apelar para um conterrâneo, alguém que não era visto com bons olhos pelo povo de Ratópolis, mas que era o único que podia resolver a situação. Presidente Terry pegou o ratofone e discou 555 Hollywood. Sim. Mickey Mouse estava a caminho.

Mickey era visto com péssimos olhos pelo povo de Ratópolis, pois significava “o sucesso mundial de uma raça menor que não deveria sequer existir, quanto mais virar tema de parque de diversões”.

Contudo ele era o único com acesso liberado em Dog City, Patomundo, Insetolândia e até em Gatolândia. Sua disponibilidade de viajar aos mais variados destinos sem ser incomodado foi decisivo para a sua escolha para tal elaborada missão.

A motivação de Mickey para entrar de cabeça e cauda na missão era a liberdade de sua ex namorada, Minnie, presa por tentar sabotar o governo de Ratópolis (a roedora havia se tornado uma guerrilheira) no governo que antecedeu o de Terry.

Mickey, contudo, não queria ir a Dog City, Patomundo, Insetolândia e nem a Gatolândia. Seus planos eram maiores. Mickey queria ir a Cocacola City, invadir o local, e se por lá dentro como agente, literalmente, infiltrado.   

O rato, ops, camundongo, invadiu o local com o intuito de conseguir descobrir, finalmente a fórmula mágica da beberagem número daquele país e, à base de chantagem, conseguir apoio bélico para a possível guerra contra o país dos gatos.

Porém Mickey teve um difícil confronto contra Sarney, um rato vigilante de Cocacola City. A atuação de Sarney fora decisiva para que Mickey não conseguisse a fórmula, contudo, após sangrenta luta, o roedor da Disney prendeu o rato oponente dentro de um castelo (conhecido no mundo dos humanos como garrafa), deixando-o lá.

O que Mickey não esperava era que a repercussão de Sarney preso no castelo atingissem os níveis que atingiram. A fama foi tão grande que tal ação atraiu atenção especial do mundo (e de todos os animais) à população de Ratópolis, fazendo com que quaisquer intenções de guerra dos soldados de Gatolândia fossem suspensas até que a poeira (e o foco) saísse dos ratos.

Satisfeitas com a paz, e com as finanças indo de vento em popa, pois os enfeites e produtos relacionados a ratos tiveram subida vertiginosa, a população de Ratópolis voltou a apoiar o seu mestiço presidente que, por sua vez, deu férias com tudo o que tinha direito, em Cheeselopolis, a Mickey e Minnie.


Contudo, boatos dizem que são agora os figurões de Cocacola City que querem os serviços de Mickey. Dizem, à boca pequena, que eles estão planejando uma invasão a Pepsilândia para colocar não um, mas dois agentes dentro de uma latinha de bebida, algo como “não queira levar um, mas leve dois”. Enfim... Aguardemos... Política é realmente um ninho de ratos.      

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

CONTO 'FLORES MORTAS'


FLORES MORTAS

Natalie era o maior fenômeno literário da época. Com apenas 16 anos, a garota havia tido o mérito de trazer a poesia de volta à fama e as grandes vendas. Tudo isso fruto de ensaios que a jovem colocara em seu blog (campeão de acessos), e que tornou-se um livro best seller em vendas.

Desiludida e pessimista com a vida, a característica da criação de Natalie era uma poesia triste, mórbida e depressiva. Sua visão de mundo passeava pelas mazelas da vida, sofrimentos do coração, morte, perdas, escuridão e lágrimas.

Sua própria vida servia de combustível para a criação de seus textos. Sem a mãe, morta há seis anos vítima de câncer, com seu pai com sérios problemas com álcool, e com seu próprio vício em analgésicos e antidepressivos, Natalie colocava todas as suas frustrações no papel e, sem perceber, acabava expondo a tristeza que milhares de pessoas também sentiam, mas não tinham coragem, ou qualidade, para expressar.

Obesa e solitária, a garota era constante vítima de bullying na escola, pois, apesar de seu grandioso sucesso, a menina permanecia anônima. Seu espaço era sempre algum canto, o mais escondido possível, o mais distante possível da alegria. Cada hora era, para a autora, uma lágrima que a sofreguidão de sua vida insistia em colocá-la em seus olhos.

Paralelamente à tristeza de sua vida, sua fama só aumentava. Uma famosa gravadora acabara de fazer um acordo com Natalie e a moça agora também passava a ser compositora musical. Novidade num espaço onde letras musicais pouco acrescentavam, Natalie logo também obteve êxito ali.
Um famoso empresário passou a tomar conta da carreira de Natalie e propôs uma polêmica solução para que a garota continuasse no anonimato, mas, ao mesmo tempo, continuasse produzindo. Uma atriz foi contratada para fingir ser Natalie e o belo rosto da garota passou, rapidamente, a estar em out doors, contra capas de livro, e no blog.

A beleza da Natalie de mentira só fez a fama das obras da Natalie de verdade aumentarem. Percebendo que a beleza física da atriz se sobressaia à beleza das palavras que vinham de seu coração, Natalie percebeu-se ainda mais triste.

Sentindo-se enojada por participar de esquema tão mesquinho, a garota se mutilava, seja agredindo fisicamente a si própria, seja comendo incontrolavelmente, ou simplesmente chorando e chorando.

A maioria do dinheiro que ganhava ia ralo abaixo, uma vez que a garota “doava” seus rendimentos a mendigos, viciados ou loucos. Tal atitude inusitada era, para Natalie, uma espécie de compensação, uma cura, mesmo que paliativa, para as mazelas que o mundo fazia a seus moradores.
 À medida que se enterrava em sua tristeza, mais Natalie criava belíssimas composições. Estando em alto grau de depressão, a garota já não saía de seu quarto. Normalmente no escuro, a menina vivia à base de lanches de fast food entregues em casa, caixas de bombons, conhaques e coisas do tipo.

Passou a cortar-se e estava ainda mais obesa e confusa por causa das maiores doses de antidepressivos. Seu empresário, preocupado com sua galinha dos ovos de ouro, vivia a tentar visitá-la, mas a garota não o deixava entrar.

Em um dia o empresário decidiu arriscar e levou a Natalie fake para conhecer a verdadeira Natalie. Curiosa, a jovem deixou que a atriz entrasse. A falsa Natalie se chamava Vanessa e admitiu não conhecer tanto de literatura quanto a personagem que encenava. A atriz disse ainda que as perguntas feitas por repórteres e entrevistadores eram previamente definidas, por isso ela tinha tão bom desempenho e desenvoltura em entrevistas, finalizando com um “sua imagem está muito bem resguardada” crendo que isso faria com que Natalie se sentisse melhor.

Tal encontro só deixou a autora ainda mais enojada de si, e da sociedade. Decidida a por um fim em tudo Natalie escreveu o que seria supostamente seu último poema:

Flores mortas.

Em todo o deserto que existe dentro da gente.
Existe um oásis regado a desilusão.
Que só serve para sangrar o coração e matar a alma.
E, no meio das flores mortas que se espalhavam por meu jardim, vi você.
Rindo de tudo e achando que esse mundo nojento é legal.
Sem saber que sentir-se mal é tão mal que torna-se bom.
E quando chega-se a esse ponto de achar que ser ruim é virtude.
Percebe-se que é hora de acabar, pois de mal já basta este tudo.

Natalie desceu até a sala e despediu-se, à distância, de seu pai, que estava jogado no sofá aparentemente bêbado. Voltou a seu quarto, pegou uma garrafa de Vodca e tomou todos os comprimidos de antidepressivo junto à bebida e caiu ao chão fortemente.

Queria saber como era a morte e estimava que tal situação não deveria ser pior do que sua estadia na Terra. Pensava que, se houvesse um Deus, que Ele seria benevolente. Talvez até sábio. Sábio o suficiente para respondê-la de todos os porquês que a afligiam. Do porquê de tanta sujeira e maldade. Do porquê de sua infinita má sorte.

Quando abriu os olhos viu-se em um ambiente branco que muito parecia esterilizado e neutro. Procurou por Deus, ou anjos, ou coisas do tipo. Nada. Levantou a dolorida cabeça e percebeu-se deitada, ligada a aparelhos que faziam um estranho e irritante barulho.

Uma senhora negra e gorda entrou no ambiente e sorrindo acenou para Natalie. Seu pai e seu empresário entraram em seguida. A enfermeira, ao perceber a confusão que se instaurava no cenho da menina, tratou de explicar a situação: “Seu pai a salvou! Ele ouviu o barulho da queda e arrombou a porta. Foi um milagre os médicos conseguirem te reanimar...”

Seu pai a olhava constrangido, pois sabia do intuito da filha e, apesar de tudo, realmente percebia que morrer talvez fosse o melhor remédio para Natalie. Ela retribuiu o olhar com raiva e cólera. O empresário disse que ela iria para uma clínica se desintoxicar e garantiu “segurar as pontas” sem problemas.

Mesmo a contra gosto Natalie se internou na tal clínica e foi lá que conheceu Gabriel. Jovem, loiro de cabelos encaracolados e grandes olhos azuis, o rapaz seria o enfermeiro da garota. Sensível e inteligente, Gabriel logo tecia longas conversas com Natalie e a amizade dos dois só crescia.

Foi dele a mão a qual a garota segurava nos momentos mais difíceis. Na luta contra os vícios e nos momentos em que a tristeza insistia em acometê-la. Ainda na clínica Gabriel a pediu em namoro. Beijaram-se deitados no meio do jardim que estava recheado de gerânios vermelhos e perfumados. O sol brilhava forte, mas uma fria brisa amenizava seu calor. Foi tudo perfeito. Flores vivas brotavam no peito de Natalie. Ela havia renascido, vinda direto do inferno para o paraíso.

Ao saber que ‘Flores mortas’ tornara-se um grande sucesso na voz de uma famosa cantora de rock, Natalie compôs ‘Flores vivas’, um texto que expunha exatamente o oposto de seu grande sucesso. Um texto que falava de amor, de confiança e de recomeço.

Flores vivas

No deserto que existe em nós todos.
Há um oásis regado a esperança.
De água farta, gelada e acalmante.
Que nos mostra que nem tudo está perdido.
E que a nossa vida é feita de flores vivas criadas no peito.
Com ramos que descem até nossa alma, refrescam nossa mente.
E afagam os nossos corações.

Feliz, a garota compôs como nunca. O amor passou a ser sua maior inspiração. Limpa e mais saudável deixou a clínica e entregou todos os seus escritos a seu empresário, aguardando ansiosamente que sua nova eu, e sua nova criação, fizessem o sucesso esperado e transmitissem, em vez de dor e amargura, uma mensagem de amor e esperança.

Um livro chamado ‘Flores vivas’ foi lançado e várias de suas poesias foram parar nas vozes dos mais famosos cantores. Tudo foi um fracasso. Acostumados à visão deprimida da vida a qual Natalie se especializou em narrar, os fãs execraram essa nova autora.

Sem dinheiro e repentinamente anônima, Natalie percebeu do porquê de seu repentino fracasso: Ela estava amando, e feliz. Logo via-se numa intrínseca encruzilhada: Ou continuava com Gabriel e perdia de vez sua fama ou o largava e reatava com a dor e a tristeza.


Hoje Natalie chegou à marca de um milhão de exemplares vendidos de seu mais novo livro, chamado ‘Matando o amor’, coletânea de poesias em que a autora exprime toda a tristeza de ter o amor e jogá-lo fora, toda a tristeza de saber que está na maior das prisões: A prisão de si mesmo. 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

CONTO 'SEU FLOR E SUAS EX TRÊS QUASE ESPOSAS'


SEU FLOR E SUAS EX TRÊS QUASE ESPOSAS

Seu Flor é um sujeito bacana, dotado de um garbo e de uma elegância que são considerados fora do comum. Contudo, com uma vida amorosa tão agitada quanto confusa, ele convive com seus vários problemas do, e no, coração. Vários não... Três, mais especificamente.

Seu Flor era casado com Fulaninha. A garota era boa figura, simpática, dedicada, amava Seu Flor... Seu amor pelo nosso herói era tanto que Fulaninha fechava os olhos para os latentes defeitos dele. Machista, ele exigia, por exemplo, que ela visse todos os programas tipicamente masculinos que passavam na TV. Logo, todo dia era um tal de ter de ver com ele programas como Qual a cor do meu esmalte? Você pinta o cabelo? e O mundo dos Scarpins que me fazia até ter pena dela.

Isto fora as constantes idas de Seu Flor ao Engenhão (Seu Flor adora futebol), as constantes leituras solitárias de Maquiavel, O Capital e Crime e Castigo (o homem ama ler) e o estranho vício em aviões (Seu Flor tem uma frota).

Fulaninha agüentava tudo isso quieta em nome de seus três filhos: Cravo, Rosa e Espinho, crianças essa que Flor, domcasmurramente, jurava não ser dele.


Não agüentando mais da agonia da dúvida, e do fato das crianças atrapalharem o relacionamento, Flor acabou por se separar de Fulaninha, apesar de admitir amá-la profundamente.

Após o término da relação, Seu Flor se viu entregue ao vício do chocolate, sorvete e cinema (Seu Flor era um comentarista nato de cinema). Quando parecia estar fadado a sarjeta, eis que surge Ciclaninha. A garota logo mostrou-se intensamente interessada em Seu Flor que, por sua vez, apontava-se reticente em relação a uma nova aventura amorosa.

Ciclaninha, enquanto isso, investia pesadamente na relação, fechando os olhos para os excessos de Flor. Recém saída de uma relação com o ‘bom velhinho’ Papai Noel, Ciclaninha queria agora o oposto de seu ex: Ela agora queria um homem forte, inteligente e vigoroso, porém se conformou com Seu Flor mesmo.

Fã de Tom Jobim, Chico Buarque e de blues, Ciclaninha levou Seu Flor aos mais distantes confins: África, Ásia, Europa e Cariacica. Os dois comeram, rezaram e amaram a vida, nunca desistindo de seus sonhos.


Contudo um fantasma voltara a assombrar a vida de Flor e Ciclaninha. Dezembro se aproximava e a figura do Velho Noel trazia calafrio a ambos. A garota não resistiu e sentou-se, de novo, no colo do bom velhinho a fim de escolher seu presente de Natal.

Desiludido com a traição, Flor rompeu definitivamente com Ciclaninha que, por sua vez, não se conformava com o término.

Aturdido pelo fim do romance, Flor acabou parando na Igreja dos Encalhados do Fim dos Últimos Dias, onde viu que uma bela freira rezava. Após o fim da prece, ambos se entreolharam e logo estavam próximos.

A moça se apresentou como Beltraninha e disse que havia terminado recentemente um relacionamento com Jesus. Flor também contou de suas desilusões e logo os dois estavam amistosamente conversando.

Passados os dias, Flor e Beltraninha mantinham constantes contatos. O homem se via cada vez mais apaixonado pela garota que, por sua vez, ainda tinha Jesus em seu coração.

Quando finalmente Flor tomou coragem para pedir a mão de Beltraninha em matrimônio, a jovem disse que aceitou Jesus de volta, afirmando que a influência do pai dele era muito grande: “Parece que o pai dele sabe e vê tudo”, dizia ela, resignada.

Triste, Flor decide por se manter sozinho, quase como um celibatario. O que ele não podia imaginar era que, mesmo após os términos dos relacionamentos, Fulaninha, Ciclaninha e Beltraninha ainda mantinham interesse por ele.


Fulaninha, por exemplo, sabia de todos os seus passos, pois havia implantado um chip em seu coração. Já Ciclianinha foi mais engenhosa. Mestra dos disfarces, a moça se disfarçou de policial em blitz da Lei Seca, de vendedora de tênis verde florescente, de Leila Pinheiro e até de Túlio Maravilha, só para saber dos passos de seu amado. Já Beltraninha exigiu de Jesus que o pai dele a desse constantes relatórios sobre a vida de Flor, pois ela se dizia preocupada com ele.


Atualmente, neste momento, neste instante, Seu Flor está sozinho. Mas sabe como é o nosso Jose-Mayer-Fodião-Pirucudo-de-Plantão né? Bobeou e lá está ele com um novo amor. Eita cara que ama. Eita cara que termina. Eita cara bom pra gente contar história! 

 

quarta-feira, 20 de março de 2013

MARANATA, MARCO FELICIANO OU JEAN WYLLIS?


Dois assuntos dominaram as manchetes dos jornais nas últimas semanas. Acusações de corrupção à igreja Maranata e a nomeação do pastor Marco Feliciano à comissão de Direitos Humanos, contrariando grande parte do público considerado "minoria", grupo este capitaneado pelo deputado Jean Wyllis, figura assumidamente homossexual. Quem está certo? Maranata? Feliciano? Ou Wyllis? Sabe o que eu acho?

Quem ninguém está certo! Que todos estão errados! Mas que, principalmente nós, o povo, é que estamos realmente errados. Errados por torcer, julgar e protestar (normalmente no conforto de nosso sofá e/ou cadeira) pelos motivos errados. Os fins não justificam os meios quando os fins também são injustificáveis.

Maranata

A igreja Maranata está sendo julgada, aliás, já retifico-me, membros da igreja estão sendo acusados de corrupção (a igreja NUNCA será julgada) e aí vai minha primeira impressão dos fatos. Não sei se tais acusações são ou não verídicas, mas a postura dos fiéis da igreja é digna de culpa.

Tais simplesmente fecham os olhos às acusações e em contra revide tem lançado uma campanha (mais uma vez via redes sociais) de afirmação à fé, à Deus, e a mais trocentas coisas, em vez de virem esclarecer, explicar, e demonstrar provas de que as pessoas citadas não são culpadas. Isso sim seria de valia geral.

Não há uma campanha que esteja lutando contra a fé de ninguém, então porque as pessoas tem vindo a público para afirmá-la? Mudar o foco não me parece atitude inteligente (ou seria inteligente demais?)

Feliciano ou Wyllis?

Sou contra Marco Feliciano! Também sou contra Jean Wyllis! Sou contra qualquer político que adentre Brasília com o intuito de defender um nicho específico de eleitor. Detesto "bancadas ruralistas", ou "esportivas", ou "religiosas" ou "das minorias", Político pra mim tem de ser de uma única bancada: A bancada do povo brasileiro em geral!

Aqui defesa aos evangélicos

Chega a ser ridículo o confronto entre os prós e os contras a posse de Feliciano à frente da comissão dos Direitos Humanos. O que vemos disso tudo? Uma enxurrada de postagens no Facebook com (supostas) frases de impacto (normalmente denotadas de acusações terríveis de parte a parte) de um rival a outro.

Aqui uma legal. Feliciano: O racista!

Se a questão fosse verdadeiramente POLÍTICA tudo estava bem, mas passamos longe disso. O que vemos, sob uma fina camada de debate político, é o interesse, e principalmente o ponto de vista, religioso (em especial o evangélico), mas uma vez em xeque.

Jean Wyllis o comedor de criancinhas e sodomista cruel e sanguinário

A discussão aqui é a boa e velha intolerância evangélica a gays. Ponto final. Feliciano (antes o era o Malafaia e antes era o Bolsonaro) e Wyllis são dois vértices de um embate tolo e sem fim. Principalmente porque sua discussão equivoca-se quanto ao pretendido resultado final. Evangélicos, católicos e quaisquer religiões que advenham da palavra da Bíblia serão "contra" o homossexualismo e isso é fato, impreterível e "imexivel". 

O homofóbico!

Portando a luta da galera GLBT (já deve ter uma outra nova sigla que não me recordo) seria pelo respeito e pela penalidade a crimes que tratem ao estado moral e físico de homossexuais. Respeito e tolerância ok? Não me peçam para um pastor (ou para o Papa argentino) pregar, por exemplo, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, tá bom? Isso não vai rolar, nem hoje, nem nunca.

Quem compartilha? E quem não compartilha?

Ah, só uma coisa! Sou contra o Feliciano (o do dízimo pago com cartão de débito sem senha) ser presidente da comissão dos Direitos Humanos, mas também sou contra ser o Wyllis. Elejam alguém que não represente nenhum grupo especifico para representar um grupo especifico ok?

Feliciano pega um pega geral, também vai criticar você!

Só uma última coisa: Estes posts com frases supostamente ditas por um e por outro no Face  (e por aqui também à título de ilustração) já deu. "Militantes" de parte a parte, usem seus próprios argumentos, exponham suas opiniões, sugiram soluções. Ficar partilhando cartazinho de frase feita é coisa de preguiçoso... 

Todos estamos doentes!

terça-feira, 5 de março de 2013

EU NASCI



EU NASCI

Eu nasci...
A partir de agora sou senhor de meu destino.
Tenho uma vida inteira pela frente para ser quem eu queira ser.
E, a respeito de tudo, ser aquilo que desejam, ou não, de mim.

Eu nasci...
Posso escolher sentir amor, ser feliz...
Ou optar pela tristeza, por fazer mal as pessoas, e por me sentir mal...
Chorar as minhas tristezas que nem vieram ou que não senti.

Eu nasci...
E se eu quiser posso ser herói de mim, salvando vidas ou só as fazendo melhor.
Ou ser vilão, causar dor. E culpar as mazelas do mundo por ser assim.
Mazelas essas que são pra todos e não só pra mim.

Eu nasci...
E posso viver a vida como tem de ser vivida.
Ou só assisti-la de dentro de minha sala, com os pés pro alto e a cabeça mais ainda.
Ou posso vive-la do lado de fora, interagindo com ela.

Eu nasci...
E posso escolher ser dedicado, estudar e orgulhar meus pais.
Ou não estudar e me fardar a uma vida de trabalho braçal e humilhante.
Posso escolher ser humilhado, humilhar alguém ou, principalmente, esquecer a palavra humilhar.

Eu nasci...
E, a rigor, posso ter senso crítico, saber pensar, fazer a diferença.
Ou posso ser alienado e facilmente controlado e, por que não, descartado.
Posso descartar a preguiça.

Eu nasci...
E posso só ver o lado negativo do mundo, achar que ninguém me ama.
Ou arregaçar as mangas e tratar de pegar a vida a laço.
Para vivê-la em sua plenitude.

Eu nasci...
E posso me importar com o que as pessoas pensam de mim.
Ou simplesmente deixá-las pra lá e ser eu mesmo sem culpa.
E, se houver culpa, der de ombros.

Eu nasci...
E por mais que os amores e o mundo tentem, no fim, e sempre, serei meu próprio guia. Eu selarei meu próprio destino. Quem eu querei ser?
Ah, meus caros, a gente nasce a cada segundo...

E eu nasci...
E aí o que você quer ser quando crescer?
Só depende de você.
Ah meus caros, uma coisa eu sei, ah, meus caros, eu nasci...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

CONTO 'CONFRONTO'



No sertão, isolado de tudo, o menino subnutrido, quase morto em pé, debaixo de sol escaldante se debate. Com sede e com fome não consegue muito, só viver. Por mais algumas horas, talvez dias...

Sua alimentação é pautada numa estranha combinação de água e barro que, depois de juntadas e secadas, viram um “biscoito de barro”. Sua sede é matada bebendo a mesma água barrenta que ainda relesmente umidifica o que um dia foi o conteúdo de um fundo poço.

A água, a cada dia, seca mais, e logo sua sede e fome não terão mais como ser combatidas. Desolado, o menino conta os minutos, sem esperança. Talvez até reste um pouco de esperança. Esperança em morrer com dignidade, sem sofrimentos...

Quem acompanha, atentamente, à saga do menino é um urubu. Com seu instinto animal percebe que está diante de uma “presa morta ainda viva” e espera, pacientemente, que a morte chegue às vias de fato.

O urubu acompanha tranquilamente a luta do menino enquanto esfrega mãos imaginárias aguardando ansiosamente o que comer. O urubu, caros, também padece de sede e fome, mas se vê mais capaz de aguentar o tempo. O tempo que o menino parece se ver derrotado, na batalha da vida contra a morte.

Paradoxalmente o menino vê no urubu o sonho de viver. A carne do asqueroso animal poderia ser a primeira que ele veria, e comeria, caso tivesse força para abater a ave. Mas não tem. Atentamente o menino olha para o bicho na expectativa que um mal abrupto acabe com ele.

Ele fantasia como degustaria o urubu. Talvez conseguisse fazer uma mini fogueira com pedras e pedaços de mato seco. Talvez até comesse o bicho cru mesmo. Não sabia como era o gosto de carne. E, a rigor, não sabia nem como sabia que tinha de cozinhar a carne antes de comê-la.

Enquanto isso o urubu também vislumbrava como começaria o banquete. Os olhos eram algo que o atraia muito. Decidiu que começaria por ali. Nem sabia se aguentaria esperar o processo de decomposição do pequeno corpo. Talvez ele comeria logo, sem esperar. Talvez ele não teria muito tempo se esperasse...

Quando abriu os olhos o menino viu o nada. A água secou. Não haveria mais o que beber e nem comer. O menino fechou os olhos. Quando os abriu de novo viu o urubu ainda mais perto de si. A saliva quase inexistente era a senha de que seu fim era próximo. Arrastou-se. O urubu não se afastou e eles ficaram mais próximos.

O cheiro de ambos era desconfortável como se os dois já estivessem em decomposição. Uma decomposição do descaso, do esquecimento... O menino fechou os olhos. Ele pensava em não abri-los mais e se entregar ao seu destino. Não sabia o que era felicidade porque nunca a teve, mas lamentava não comer aquela carne de urubu.

Se pudesse escolher uma coisa... Uma única coisinha, seria definitivamente comer aquele urubu. Aquele bicho preto, de bico esquisito. O cheiro era mais forte. Menino e urubu estavam a centímetros de distância, talvez até pudessem se tocar. Mas havia um respeito. O menino, num esforço extremo, levantou a cabeça. Olhou no fundo dos olhos do urubu.

Queria enxergar alguma coisa, mas o que viu foi um deserto vazio, inóspito, insípido e incolor. Tudo era gris e triste. O menino viu o tudo no nada. Quis chorar. Não havia lágrima. Quis gritar. Não havia voz. Quis morrer. Mas não tinha Deus... Quis morrer, mas...

O urubu parado olhava para a imagem parada de sua presa. Aquela em que ele cobiçou por tanto tempo. Padeceu-se em seu sentimento de bicho e foi tomado por uma esquisita revolta. Uma revolta pela impotência de si, do menino, de ambos, do mundo...

Quis voar, mas não tinha mais como, quis dizer, mas não tinha voz. O urubu, triste, não conseguia nem se debater. Decidiu não comer a presa em um último ato de respeito. Um respeito tardio. Digno. De honra... Deitou-se ao lado do menino. O fim chegaria para todos...

Nisso o menino abriu os olhos e viu seu algoz em processo de transformação. Aquele urubu, aquele bicho, virara seu amigo. Aquele bicho que aguardou sua morte para comê-lo não o faria mais. Desistiu. O urubu o amou.

O menino se compadeceu por alguns instantes, talvez segundos... Até que em um último golpe de força atingiu a cabeça da ave bem forte. O mais forte que sua fraqueza conseguia. Matou o urubu... Finalizou sua a sede com o sangue do bicho e comeu sua carne crua e com pelos ali mesmo.

Sabe... Nós humanos somos tão ingratos, animalescos e cruéis às vezes que um asqueroso urubu pode ser mais digno do que nós. Sabe, somos tão cruéis às vezes... Onde nossa “humanidade” vai parar?

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

HOMEM X DEUS? - A ENTREVISTA DE SILAS MALAFAIA


Domingo passado tivemos a entrevista do Pastor Silas Malafaia no programa de Marília Gabriela. Polêmico que só, Silas atraiu a atenção de evangélicos, católicos, agnósticos e ateus. O embate entre o religioso e a inteligentíssima entrevistadora foi um deleite a olhos que, antes de tudo, buscam conhecimento e pontos de vista, olhos estes principalmente daqueles que são desatrelados de convicções religiosas, sexuais ou políticas e que só buscam, mais uma vez salientando, pontos de vista. 

Para estas pessoas, e somente para estas, lhes digo: A existência de Silas Malafaia, Jair Bolsonaro, Marcelo Dourado, Rafinhas Bastos e afins, são boas, diria mais, são ótimas à nossa sociedade!

Antes que alguém possa me beijar ou cuspir: Não concordo (e nem discordo) das palavras do tal Malafaia. Só reitero que sua presença na nossa sociedade é importante, e vou dizer porque.


Cada vez mais o politiquismo corretismo tem tomado conta de nossa sociedade. Por ser tolido pela mídia, sociedade (e leis), as pessoas tem mantido suas opiniões em seu ambiente de conforto, seja em sua casa, família ou até, em esferas menores, somente com si próprio.

O problema, neste caso, é que a opinião que este individuo guarda consigo normalmente não é a mesma que ele expõe quando em companhia de mais pessoas, seja na escola, no trabalho ou em qualquer outro lugar em que pessoas de diferentes esferas estejam.  

Nossa sociedade tem fechado um cerco a opiniões que sejam contrárias a qualquer coisa que não seja a opinião da maioria, ou a opinião de quem está amparado por leis ou pelo poder cada vez mais importante da mídia.

A questão é que, com isso, estamos paulatinamente (mas violentamente) cerceando o direito (e, por que não, dever) das pessoas de pensarem conforme as suas convicções e também a seu simples ato de expô-las, conforme seu bem entender pedir.

Emitir uma opinião contrária ao que o politiquismo corretismo confere tem sido constantemente motivo de linchamento social. E o que é isso? O cara, por ter uma opinião normal, mas que, na nossa atual sociedade, é chamada de polêmica, é simplesmente execrado em praça (ou seria rede social?) pública. 


Então quando um pastor obviamente se mostra contrário ao homossexualismo (equivalente a um padre querer casar, por exemplo) e é linchado pelo sociedade politicamente correta, aquele individuo que se via isolado ganha voz, personificado pela presença dessa pessoa. Se isto é bom ou ruim não se sabe, mas é absolutamente necessário tirarmos este cara que diz que "todo veado é safado" de trás das cortinas do "respeito todos os homossexuais" porque só assim, e somente assim, podemos verdadeiramente instruí-lo deste, e todos os outros assuntos simples, mas que se transformam em polêmicos, que permeiam nossa sociedade. 

Portanto por esta perspectiva (atenção meus poucos leitores: Por esta perspectiva) um camarada como este Silas Malafaia vir no programa da Gabi, enfrentá-la, e falar tudo aquilo que está incubado na mente de muita gente é super válido. Principalmente se causar discussão e, por consequência, esclarecimento a todas as pessoas.

Polêmicas e opiniões contrárias estão e estarão aí pra sempre e que bom que estejam, mas precisam impreterivelmente ser discutidas... Sempre!

Veja abaixo a entrevista, na íntegra, de Malafaia à Gabi:

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

CSI GUAPÓ

CSI Las Vegas? CSI Miami? Que nada! A polícia mais dedutiva e intuitiva do mundo vem de.... Guapó em Goias. Sim, lá, naquele município esquecido por Deus (mas não pelos Balanços Gerias da vida), tem um policial que conseguiu descobrir um suspeito somente através de seu boné!!! Veja esta incrível técnica dedutível investigativa abaixo.



Outros meliantes como Kalvin Klein, Paco Rabanne, Versace e até o General Motors e as bolas Wilson estão apreensivas.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

CONTOS 'AUTO-AJUDIANOS'



COMO TER CASA, COMIDA E ROUPA LAVADA SEM TRABALHAR

Jorge estava na pior. Havia perdido o emprego e sua mulher, Irene, incomodada com a pindaíba em que estavam, o abandonou levando seus três filhos. Como não pagava o aluguel, Jorge acabou despejado. E como era um nordestino em São Paulo, não havia a quem recorrer.

Mas Jorge decidiu usar os métodos ‘auto ajudianos’ do Professor Enrolando Osotários e deu uma guinada em sua vida. Já fazem dois meses que ele tem casa, comida e roupa lavada sem precisar trabalhar.

Jorge está preso na Penitenciária de Carapicuíba onde, ao lado de outros nove leitores do Professor Enrolando , desfruta do bom e do melhor que uma cela carcerária pode oferecer.

Como tudo o que é bom pode ainda melhorar com os métodos ‘auto ajudianos’ do Professor Enrolando, os filhos de Jorge, graças ao assistencialismo barato de nosso governo, ainda ganham uma bolsa ajuda de mais de mil reais. Satisfeita, Irene até reatou o casamento. Que final feliz!

Venha ser como Jorge, Irene e seus filhos você também!

Ainda não está satisfeito? Então veja essa outra estória:


SAIBA COMO TER TODOS OS HOMENS A SEUS PÉS MESMO SENDO FEIA

Rosana sempre foi, digamos, desprovida de beleza. Não havia em sua rua, faculdade ou trabalho um homenzinho que fosse que a cobiçasse. Por vezes passava em frente a construção na vã esperança de algum peão lhe cantar alguma gracinha, mas nada! Jurou ter ouvido alguma coisa um dia desses, mas depois percebeu que era um “desconjuro” dito baixinho por um peão de 1,50m, desdentado e careca. Vendo aquela situação ela jurou que ainda teria os homens que ela quisesse aos seus pés.

Rosana estava no fundo do poço quando descobriu o método ‘auto ajudiano’ do Professor Enrolando Osotários e mudou sua vida!

Ela parou numa loja, escolheu a melhor peça e foi a caça. Aos avistar os mais belos homens, ela disparava, e eles caíam a seus pés. Olhava para outro, e pimba! Ele caía aos seus pés. Se não perdeu a conta uns vinte caras, dos mais bonitões, caíram a seus pés.

Ficou rodeada dos mais variados gatões, todos a seus pés. Com o método ‘auto ajudiano’ do Professor Enrolando não tem erro: Seus desejos se realizam!

Como bônus, o policial que retirou a metralhadora de suas mãos e a prendeu também era um gatão. “Estou com sorte hoje” ela pensou.

Satisfeito agora? Irá se juntar à legião que está se satisfazendo com os métodos ‘auto ajudianos’ do Professor Enrolando Osotários? Ainda não? Então veja esse outro comovente caso.


FIQUE RICO EM 25 MINUTOS!

Oswaldo vivia na perambeira. Duro de tudo. Sem grana até pra comprar um pãozinho. Seu sonho era poder usar o ditado ‘vendendo o almoço para comprar a janta’ de verdade, afinal ele, ultimamente, não estava tendo nem almoço, nem janta, e nem cafezinho da tarde. Nada!

Até que ele, num banco de praça, leu, de rabo de olho, um dos livros do Professor Enrolando Osotários que um rapaz lia e sua vida mudou! Lá tinham todas as informações de como ficar rico em incríveis 25 minutos!

Todo o processo era simples: Bastava-lhe um real. Logo era só ele ir à Bolsa de Valores. Lá ele iria aplicar seu dinheiro em títulos de uma famosa empresa de tecnologia. Quando chegasse ao auge, ele venderia, com um super ágil de 2500% e esperaria, pois as ações destas empresas caiam à medida que seus produtos (celulares e note books) tornavam-se obsoletos, cerca de uns 5 minutos mais ou menos. Era só repetir o processo umas cinco vezes e, em vinte e cinco minutos, estaria com 25 milhões. Moleza.

O problema foi que ele fez amizade com um cara que parecia gringo, um tal de Auki, Eike, ou algo assim e perdeu quase tudo. Mas aí não é mais problema do método ‘auto ajudiano’ do Professor Enrolando, ok?

Se isto ainda não lhe convenceu essa estória com certeza o convencerá.


QUEM MEXEU NO MEU QUEIXO

Vários gatos conviviam no mesmo beco. Como a comida (os restos) eram poucos, eles tinham de se estapear pelas migalhas que vinham. O grande inimigo dos gatos era Ralph, um buldogue enorme que devia pesar uns 40 quilos. Felizmente para os gatos ele ficava preso, a alguns metros de distância.

Até que em um dia uma senhora jogou um peixe quase inteirinho fora. Ele estava suculento, contudo o problema foi que ele caiu exatamente na área em que Ralph ficava. Todos os gatos se lamentaram pela má sorte, mas eu não tirei da cabeça: Aquele peixe seria meu!

Até que elaborei um minucioso plano. Quando o cachorrão dormisse, eu usaria minha astúcia de gato e, bem lenta e silenciosamente, pegaria o peixe. Tudo transcorria bem até os outros gatos, por inveja de minha coragem, fazerem uma gritaria acordando Ralph. Ao me ver ele me prensou contra o muro. Achei que era o meu fim. Mas ao perceber minha coragem, ele me deixou vivo e disse que eu poderia levar o peixe com uma condição: Que eu pegasse um grande e grosso osso que estava perto da região onde nós gatos ficávamos e que ele não podia alcançar. Fiz isso e ganhei o peixe num banquetão!

Moral da estória: Quem não arrisca não petisca? Não!!! As aparências enganam? Não!!! A verdadeira moral da estória é: Ainda bem que cachorro não gosta de peixe senão eu estaria fodido!

Veja essa e outras elucidativas estórias nos livros do Professor Enrolando Osotários e seu infalível método ‘Auto-Ajudiano’  que transforma bichos que não sabem falar e nem pensar em personagens de estórias piegas pra você! Busque algum sentido nessas estórias bobinhas de bichinhos e crianças você também!

Ainda não se convenceu? Putz, última chance.


O BUDISTA E O EMPRESÁRIO

O empresário só pensava em ganhar dinheiro não se importando nem um pouco com sua família e amigos. Até que um dia, desesperado por um mal negócio que havia feito, ele decide procurar um famoso budista.

Lá o oriental religioso lhe aconselha a cuidar melhor de sua família e amigos e que isso, sem que ele perceba, se reverterá em benfeitorias em sua vida empresarial. O homem vai pra casa pensando em tal conselho. Decide segui-lo.

Larga um pouco da empresa, deixando-a nas mãos de um jovem, solitário e ambicioso sócio, e sai em férias com a família e alguns amigos chegados. Quando volta recebe a notícia de que sua empresa cresceu 200% e logo pensa no conselho do budista.

O que ele não contava era que o seu sócio, dedicado 100% a empresa, aproveitou sua ausência e, numa manobra administrativa, toma toda a sua parte do negócio, deixando-o na miséria.  De uma fresta do muro do prédio ele consegue ver seu sócio saindo com uma Ferrari conversível novinha, acompanhado de uma bela loira siliconada rumo ao que parecia, ao julgar pelas bagagens, alguma praia bem paradisíaca e chique.

Triste ele decide, ainda assim, comprar um presente ao budista. Ao chegar ao local onde o oriental estava, ele saca o “presente” e atira bem na cabeça dele. Antes de sair ele ainda diz: “Vá dá esses conselhos de merda pra puta que te pariu”.

Onde mais você conseguiria ter acesso a estória tão comoventes?

Adquira você também meus livros de auto ajuda, onde eu fico rico vendendo livros pra você que, por sua vez, continuará pobre, pois estes livros não te ensinam nada, só a ser mais otário! Seu babaca! Ops, digo, amigo leitor.