RATÓPOLIS
O regime de governo de Ratópolis sempre
fora rígido, contudo após a possibilidade da guerra com a Gatolândia tudo
atingira níveis alarmantes. Havia apreensão nas ruas e a possibilidade de o
estouro de um confronto era iminente.
O presidente, um estrangeiro, era visto o
tempo todo com desconfiança. Terry Primeiro vivia sua maior crise de
popularidade e nem seu slogan clássico “Super Mouse é seu amigo... Vai salvá-lo
do perigo...” o segurava nas pesquisas.
Ter um ex herói (Terry, já velho, tinha
quatro anos) significou, a princípio, a possibilidade da retomada do
crescimento de Ratópolis, mesmo que um camundongo (e não um rato “puro”) fosse
o governante. Mas era claro que a cada crise o fato do presidente ser um
“roedor mestiço” vinha à lembrança.
Ainda mais agora que Terry havia elegido
seu amigo de longa data o mexicano Ligeirinho como seu líder na câmara,
renegando a segundo plano Jerry, favorito ao cargo, e que havia perdido a
última eleição exatamente para Terry por ser “extravagante demais” segundo os
eleitores.
Tudo ganhava contornos dramáticos, pois
Ligeirinho era, paradoxalmente, muito lento em suas decisões o que deixava a
população apreensiva quanto às táticas de defesa quanto à possibilidade de um
ataque de Gatolândia.
Isso fez com que Jerry passasse a liderar
uma campanha declarada a favor do impeachment de Terry. O senador tinha o apoio
dos cineastas Pink e Cérebro (que haviam acabado de ganhar o ‘Rato de Ouro’
pelo filme “A crise de uma ratoeira só para um”) e do mais famoso apresentador
de TV do país, o incrível Coçadinha. O treinador Splinter, o piloto herói de
guerra Stuart Little e até o chefe número um de restaurante de Ratópolis
Monsieur Ratatouille apoiavam a idéia.
Encurralado, o presidente Super Mouse
sentia-se preso numa ratoeira (a qual tentou por três vezes mudar o nome para
“camundongadeira”, sem sucesso) e então decidiu tomar medidas desesperadas. Não
havia jeito. O jeito era apelar para um conterrâneo, alguém que não era visto
com bons olhos pelo povo de Ratópolis, mas que era o único que podia resolver a
situação. Presidente Terry pegou o ratofone e discou 555 Hollywood. Sim. Mickey
Mouse estava a caminho.
Mickey era visto com péssimos olhos pelo
povo de Ratópolis, pois significava “o sucesso mundial de uma raça menor que
não deveria sequer existir, quanto mais virar tema de parque de diversões”.
Contudo ele era o único com acesso
liberado em Dog City, Patomundo, Insetolândia e até em Gatolândia. Sua
disponibilidade de viajar aos mais variados destinos sem ser incomodado foi
decisivo para a sua escolha para tal elaborada missão.
A motivação de Mickey para entrar de
cabeça e cauda na missão era a liberdade de sua ex namorada, Minnie, presa por
tentar sabotar o governo de Ratópolis (a roedora havia se tornado uma
guerrilheira) no governo que antecedeu o de Terry.
Mickey, contudo, não queria ir a Dog
City, Patomundo, Insetolândia e nem a Gatolândia. Seus planos eram maiores.
Mickey queria ir a Cocacola City, invadir o local, e se por lá dentro como
agente, literalmente, infiltrado.
O rato, ops, camundongo, invadiu o local
com o intuito de conseguir descobrir, finalmente a fórmula mágica da beberagem
número daquele país e, à base de chantagem, conseguir apoio bélico para a
possível guerra contra o país dos gatos.
Porém Mickey teve um difícil confronto
contra Sarney, um rato vigilante de Cocacola City. A atuação de Sarney fora
decisiva para que Mickey não conseguisse a fórmula, contudo, após sangrenta
luta, o roedor da Disney prendeu o rato oponente dentro de um castelo (conhecido
no mundo dos humanos como garrafa), deixando-o lá.
O que Mickey não esperava era que a
repercussão de Sarney preso no castelo atingissem os níveis que atingiram. A
fama foi tão grande que tal ação atraiu atenção especial do mundo (e de todos
os animais) à população de Ratópolis, fazendo com que quaisquer intenções de
guerra dos soldados de Gatolândia fossem suspensas até que a poeira (e o foco) saísse
dos ratos.
Satisfeitas com a paz, e com as finanças
indo de vento em popa, pois os enfeites e produtos relacionados a ratos tiveram
subida vertiginosa, a população de Ratópolis voltou a apoiar o seu mestiço
presidente que, por sua vez, deu férias com tudo o que tinha direito, em
Cheeselopolis, a Mickey e Minnie.
Contudo, boatos dizem que são agora os
figurões de Cocacola City que querem os serviços de Mickey. Dizem, à boca
pequena, que eles estão planejando uma invasão a Pepsilândia para colocar não
um, mas dois agentes dentro de uma latinha de bebida, algo como “não queira
levar um, mas leve dois”. Enfim... Aguardemos... Política é realmente um ninho
de ratos.
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