Ontem pela manhã um rapaz de 24 anos (acima na foto) invadiu uma escola da periferia do Rio de Janeiro e, sem motivo aparente nenhum, efetuou vários disparos em direção às crianças que lá estudavam. Foram 11 mortes (fora a dele próprio) e mais um sem número de feridos (alguns em estado grave). O humorista Marcelo Adnet, em comentário muito feliz, atribuiu o caso como sendo uma tragédia, semelhante a um tsunami, por exemplo. Concordo com ele. Nunca ninguém estará preparado para uma situação como essa e, principalmente, para uma reação como essa, como foi a do assassino. Ainda mais que, a princípio, o jovem não sofria nenhum tipo de perseguição ou humilhação, nem na época de escola (ele estudou lá) e nem na vida atual. Em situações absurdas como esta ninguém (a não ser o próprio assassino, claro) pode ser taxado de culpado. Não houve falha de ninguém. Nem de segurança, nem de saúde, nem de educação. O cara, louco, decidiu matar pessoas, e ponto. Uma fatalidade. Igual a um tsunami. Dado isto o leitor deste artigo deve estar se perguntando, então porque crônica de uma morte anunciada? A morte anunciada em questão não são as das crianças e não é a do jovem. A morte anunciada é a da nossa identidade enquanto país. Importamos qualquer bobagem do exterior (em especial dos EUA) e trazemos para cá, e as fazemos, como se eles fossemos, jogando janela abaixo nossos costumes e jeito. Infelizmente era questão de tempo perceber que nos limitarmos a comer no Mc Donalds um Big mac + uma Coca grande e que isso estava fazendo com que nossa antes esbelta população se tornasse tão obesa quanto a dos norte americanos era o suficiente. Não. Agora importamos coisas piores. Pelas bandas de lá que, em virtude de uma sociedade muito mais opressora do que de alguns países árabes, que jovens humilhados e fracassados por não serem o número 1 (olha que coincidência: é o slogan do país) acabam desviando-se de sua sanidade, partindo para essa violência absurda, para essa barbárie da vida moderna, onde não só as vítimas em si, mas a sociedade como um todo sofre. Não. Não é mais só mazela de lá. É daqui também. E olha que por aqui não temos preconceito racial (brancos de um lado e negros do outro) como lá, não temos preconceito étnico (contra islâmicos “terroristas em potencial”, por exemplo) como lá, nem contra cidadão vindo de qualquer outro país, como lá, e nem essas bobagens de vencedor e perdedor tão propagado como lá. E olha que não temos. Mas já temos assassinos que invadem escolas. Que pena. Do jeito que vamos teremos logo, logo, que trocar nossas estrelas da bandeira por estrelas azuis e, preferencialmente, acompanhadas por listras vermelhas.
* Título tirado do livro de Gabriel Garcia Marques a quem recomendo que leiam.
Show de artigo!!!
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