Eu tinha 14 anos quando a Legião Urbana veio ao estado pela última vez. Já fã, pedi a meu pai que me levasse ao show. Papai, fã de rock internacional, odiava, paradoxalmente, o rock nacional (complexo de Donald Trump?). Resultado? Não fui ao show. Uma mágoa que guardei comigo por mais de duas décadas. Mas o pra sempre, sempre acaba não é? Acabou. Num sábado frio quentoso de maio, num dia 14 qualquer e único. Terminou: Eu vi a Legião Urbana!
Capital Inicial, Kid Abelha, Paralamas, Titãs, Jota... O número de show das melhores bandas do rock nacional a qual já tinha assistido era grande (e só aumentava). Este ano, contudo, eu, pep guadiolamente, tiraria um ano sabático. Admito, não por opção, mas por necessidade. Minha filhota Laura estreou no dia primeiro de janeiro deste ano (acho massa nascer nessa data) e, logo, com apenas quatro meses e uns quebrados de vida, fica impossível levá-la a qualquer lugar movimentado ou deixá-la com alguém. Até que...
Tem três coisas que odeio nesta vida: acordar cedo, camarão e Giuliano Manfredini! Este último, por uma providência divina, foi impeachmado dos direitos de decidir qualquer coisa em nome da Legião Urbana. Resultado? Fiquei com a pulga (e o cachorro) atrás da orelha: será que a Legião vem ao estado bem no meu período hibernoso? Sim, veio. E agora?
Ricardo e sua barba em homenagem ao craque Walace ex-Framengo
Que me perdoem os ateus, mas Deus operou na minha vida mais do que o doutor Rafael Favatto faz operações de ligaduras nas mulheres no período pré eleitoral. E uma dessas providências foi Ele por Elaine na minha vida. Um anjo de pele morena, boca e coxas gostosas e um grande coração! Pois Elaine num ato mais generoso do que comprar dois kites dos caras da Manassés de uma vez, me deixou ir ao show sozinho. Sozinho não, aliás. Em companhia do meu parceiro de toda hora Ricardo Salvalaio. Eu e Ricardo somos praticamente o Bebeto e o Romário do mundo das músicas e literaturas (eu sendo o Bebeto, fazendo o tipo mais de fiel escudeiro, claro).
Estava tão ansioso que nem quis o valiosíssimo troco de 5 centavos do pedágio da terceira ponte. Passei direto, tudo para chegar logo ao Álvares. O ginásio, aliás, adentrou nesse chato padrão Fifa de excelência. Cadeiras nos lugares das indefectíveis arquibancadas de cimento. Tudo mais bonito, mas evidentemente mais frio.
Chegando lá acompanhamos o fim da apresentação de uma banda capixaba que não sei o nome, que tocava o melhor do congo-pop do estado. Olhei Ricardo de canto de olho, afinal o meu copiloto de shows odeia a música de nossa terra (Renato Casanova NÃO curtiu isso). Não falei nada pra não estragar a noite e também porque faço a linha ''bom vencedor''.
O ginásio recebeu, dentre os shows que já fui lá, seu segundo maior público, só perdendo para a apresentação de Caetano Veloso. Ansiosos, os espectadores vaiaram homericamente os apresentadores do gazetal 'Em movimento'. Para eles foi bem constrangedor. Para mim foi muito engraçado - a gente se diverte com a dor alheia (momento Nazaré Tedesco).
O público foi ao delírio quando a banda subiu ao palco. Achei que as arquibancadas iriam cair igual no jogo do São Paulo no momento em que os acordes de 'Será' se fizeram presentes. Nada aconteceu, ufa! O grupo tocou na íntegra o disco 'Legião Urbana' e vi algum desanimo em músicas menos conhecidas como 'Petróleo do futuro', 'O reggae' e ''A dança', menos deste que vos escreve. Ao pular e cantar efusivamente ao som de 'Baader Meinholf Blues', me senti como aquele gari que samba na Sapucaí, com todos parados olhando pra mim.
A última música do disco de trinta anos atrás era 'Por enquanto'. André Frateschi, sentindo a vibe, deixou a galera cantar sozinha a linda música. Ainda bem que estava escuro e ninguém percebeu os olhos marejados deste saudoso fã.
Depois da íntegra do disco, o show seria dos grandes sucessos. Estranhei positivamente a presença de algumas músicas lado b como '1965', 'Dezesseis' e 'Daniel na cova dos leões'. A presença destas músicas, somadas a outras nem tão conhecidas como 'Angra dos Reis' e 'Quase sem querer' mostrou bem a pluralidade do público, dividido entre fãs incontestes como eu, junto a fãs das ''músicas conhecidas''. Este segundo grupo, aliás, aproveitava essas músicas para tirar fotos, selfies, selfies-fotos e selfies-services. Ver tantos celulares potentes, ostentosos, desnecessários e caros, me lembra que um dia eu tenho de trocar o meu tijolão por um, vá lá, tijolinho.
Dentre o grupo dos fãs incontestes, fui um dos poucos que achou legal o Wagner Moura nos vocais da esquisita apresentação que a banda fez para o especial da MTV. Exatamente pelo Capitão Nascimento ser fanático pela banda e ter se divertido muito no palco. Pois o André Frateschi se divertiu tanto quanto, com a diferença de ser milhões de vezes mais bem afinado. Sabendo de seu lugar, André deixava a Bonfá e principalmente, a Dado, a parte da interação com o público. Villa-Lobos, contudo, parece ter herdado a mesma eloquência de Jorge Vercilo ao falar. Confuso, viajante e pouco elucidativo. Demorei umas cinco ou seis falas do cara para deduzir que ele se mostrava contrário ao impedimento da Dilma Rousseff. Isso desencadeou os enjoados 'não vai ter golpe', confrontado com o também enjoado 'fora PT'. Por fim um 'Teatro dos vampiros' depois uniu a torcida novamente.
Torcida... Parecia a torcida do Framengo após um gol do Zico quando Frateschi anunciou que teríamos nove minutos de uma certa oração também chamada de 'Faroeste Caboclo'. Não vi reação no público igual em todos os shows que fui! A apresentação, duas horas e meia depois, terminou com 'Que país é este?' pergunta RETÓRICA que o público insiste em responder com a indelicada "é a porra do Brasil''. Cada vez que os espectadores gritam essas baixarias eu sempre imagino as cinzas do Renato voando de um lado para o outro, revoltado. Mas... No problem.
Em suma, foi um showzão! Frateschi se divertiu. Bonfá e Dado se divertiram. Os novinhos se divertiram. Os velhinhos se divertiram... Foi uma festa! A Legião Urbana somos nós. E nós fizemos um showzaço!
Estava tão ansioso que nem quis o valiosíssimo troco de 5 centavos do pedágio da terceira ponte. Passei direto, tudo para chegar logo ao Álvares. O ginásio, aliás, adentrou nesse chato padrão Fifa de excelência. Cadeiras nos lugares das indefectíveis arquibancadas de cimento. Tudo mais bonito, mas evidentemente mais frio.
Arquibancada padrão Fifa. Bonito, mas...
Chegando lá acompanhamos o fim da apresentação de uma banda capixaba que não sei o nome, que tocava o melhor do congo-pop do estado. Olhei Ricardo de canto de olho, afinal o meu copiloto de shows odeia a música de nossa terra (Renato Casanova NÃO curtiu isso). Não falei nada pra não estragar a noite e também porque faço a linha ''bom vencedor''.
O ginásio recebeu, dentre os shows que já fui lá, seu segundo maior público, só perdendo para a apresentação de Caetano Veloso. Ansiosos, os espectadores vaiaram homericamente os apresentadores do gazetal 'Em movimento'. Para eles foi bem constrangedor. Para mim foi muito engraçado - a gente se diverte com a dor alheia (momento Nazaré Tedesco).
Público chegando ao show. Aglomeração maior do que a fila do 519 as 7 da manhã
O público foi ao delírio quando a banda subiu ao palco. Achei que as arquibancadas iriam cair igual no jogo do São Paulo no momento em que os acordes de 'Será' se fizeram presentes. Nada aconteceu, ufa! O grupo tocou na íntegra o disco 'Legião Urbana' e vi algum desanimo em músicas menos conhecidas como 'Petróleo do futuro', 'O reggae' e ''A dança', menos deste que vos escreve. Ao pular e cantar efusivamente ao som de 'Baader Meinholf Blues', me senti como aquele gari que samba na Sapucaí, com todos parados olhando pra mim.
A última música do disco de trinta anos atrás era 'Por enquanto'. André Frateschi, sentindo a vibe, deixou a galera cantar sozinha a linda música. Ainda bem que estava escuro e ninguém percebeu os olhos marejados deste saudoso fã.
Depois da íntegra do disco, o show seria dos grandes sucessos. Estranhei positivamente a presença de algumas músicas lado b como '1965', 'Dezesseis' e 'Daniel na cova dos leões'. A presença destas músicas, somadas a outras nem tão conhecidas como 'Angra dos Reis' e 'Quase sem querer' mostrou bem a pluralidade do público, dividido entre fãs incontestes como eu, junto a fãs das ''músicas conhecidas''. Este segundo grupo, aliás, aproveitava essas músicas para tirar fotos, selfies, selfies-fotos e selfies-services. Ver tantos celulares potentes, ostentosos, desnecessários e caros, me lembra que um dia eu tenho de trocar o meu tijolão por um, vá lá, tijolinho.
Frateschi mais feliz do que pinto no lixo.
Dentre o grupo dos fãs incontestes, fui um dos poucos que achou legal o Wagner Moura nos vocais da esquisita apresentação que a banda fez para o especial da MTV. Exatamente pelo Capitão Nascimento ser fanático pela banda e ter se divertido muito no palco. Pois o André Frateschi se divertiu tanto quanto, com a diferença de ser milhões de vezes mais bem afinado. Sabendo de seu lugar, André deixava a Bonfá e principalmente, a Dado, a parte da interação com o público. Villa-Lobos, contudo, parece ter herdado a mesma eloquência de Jorge Vercilo ao falar. Confuso, viajante e pouco elucidativo. Demorei umas cinco ou seis falas do cara para deduzir que ele se mostrava contrário ao impedimento da Dilma Rousseff. Isso desencadeou os enjoados 'não vai ter golpe', confrontado com o também enjoado 'fora PT'. Por fim um 'Teatro dos vampiros' depois uniu a torcida novamente.
Torcida... Parecia a torcida do Framengo após um gol do Zico quando Frateschi anunciou que teríamos nove minutos de uma certa oração também chamada de 'Faroeste Caboclo'. Não vi reação no público igual em todos os shows que fui! A apresentação, duas horas e meia depois, terminou com 'Que país é este?' pergunta RETÓRICA que o público insiste em responder com a indelicada "é a porra do Brasil''. Cada vez que os espectadores gritam essas baixarias eu sempre imagino as cinzas do Renato voando de um lado para o outro, revoltado. Mas... No problem.
Gol? Ah não, é só o anúncio de 'Faroeste caboclo'
Em suma, foi um showzão! Frateschi se divertiu. Bonfá e Dado se divertiram. Os novinhos se divertiram. Os velhinhos se divertiram... Foi uma festa! A Legião Urbana somos nós. E nós fizemos um showzaço!
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