sexta-feira, 24 de agosto de 2012

FLERTE FATAL



Flerte fatal

Nimbos cinzas a permearem minha cabeça. Oh incertezas!
Quando já não te via alva em meus sonhos mais tenros.
Caminhei por dentre tudo que temia, e tremi.
Eu não queria, mas padeci.  Eu já não te via. Nem alva, nem gris.

Morte, morte, tão clara morte.
És minha parceira de leito que não caso.
Passas por meu caminho e não faço.
Desposa-me por noivo e não caso.

Definho-me em leitos infinitos. Em amores não cumpridos. Em pecados...
Pequei por medo de ter medo. Medrei quando te vi a priore.
Piorei quando senti sua falta e me puni por senti-la
Paradoxiei cada laço que tive contigo oh alva morte! Morte, morte tão cara!

Fechei meus olhos no afã de me vilipendiar.
Cadê o ódio que devia sentir. Não posso resignar-me, não ainda.
E que a finda, oras, me conheço.
Te perdoei antes da morte, te inocentei do suicídio iniciado.

Morte, morte, doce morte. Sentir teu cheiro me acalma.
É um agridoce sabor de bálsamo acrescentado de coisa ruim.
Mistura de vida toda com nada feito. Dor no peito.
Queria que poesias me salvassem...

Do salgado mar que me acompanha, que me molha nas manhãs.
Que me faz sentir frio na tarde e que a noite me abandona.
Eu já disse que queria te ver mais alva, talvez mais calma.
E que temo não te temer. Queria tremer, mas só choro.

 O gosto da lágrima é bom, me faz sentir dor e isso me anima.
Mataria a morte se soubesse como. Queria refletir, mas minha reflexão acabou.
Vou, vou, acho que agora vou. Tão alva que tu és!
Nem sei se estou pronto para ser infinito, mas estou pronto para findar.

Morte, morte, parceira morte.
Não me cansarei de falar, queria-te alva, talvez mais branda. Eu já disse!
Oh câncer maldito! Cão! Patife! Que não me deixa escolha. É fim de flerte.
É fim de dor, é fim de dor... Morte, morte, desgraçada morte prazer em conhecê-la.

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