terça-feira, 31 de janeiro de 2012

CONTO "A MEXICANA"


Seu corpo escultural era envolvido somente por um vestido de alça, simples, de pano leve que definia todo o seu belo quadril e, que a cada abaixar, deixava escapulir parte dos seios para aqueles mais atentos e espertos. Seu corpo moreno e suado era a expressão de como era Terra D’ajuda um pequeno distrito quente e misterioso.  D’ajuda vivia basicamente do que os caminhoneiros e viajantes gastavam na cidade que era ponto de parada da rodovia mais movimentada do país. Maria “a mexicana” trabalhava como atendente-faz tudo de um posto de gasolina e já se acostumara com as cantadas baratas e grosseiras dos caminhoneiros. Não havia um ser com pênis naquele local que não se sentia atraído por aquela mulher que exalava sensualidade. Contudo Maria se guardava como se soubesse, em seu íntimo, que seu grande amor estava por aparecer. Cantava La bela luna enquanto esfregava o chão – normalmente vomitado por algum beberão – e ainda assim era a expressão da sedução. 

Num desses dias que Juan, vendedor de uma loja de artigos religiosos, e filhos de dois fervorosos evangélicos, foi ao posto com o intuito de encher o pneu de sua bicicleta (sua bomba havia quebrado), e a viu. O jovem não conseguiu tirar os olhos de Maria e ficou ali parado por vários minutos. Fitou-a a cada detalhe. O cabelo negro, liso, que deslizava a cada volta que dava, a gota de suor que caía, bem devagar, de seu pescoço indo escorrer até seu colo insistente em se deixar muito marcado no vestido por causa do suor, a bela e empinada bunda e o tamanho (micro) da calcinha que aparecia devido à sombra que fazia, as pernas torneadas pela lida do dia a dia e os pelinhos loirinhos pelo sol que pegava. Viu tudo. Até a alma arredia e lépida da garota, seu jeito turrão, mas que, ao mesmo tempo, parecia ser leve e ávido por liberdade como a ave mais bonita. Quando Maria virou-se tratou de se esconder numa vergonha de sabe-se lá o que. Nem encheu o pneu. Voltou pra casa correndo e foi direto tomar um gelado banho. Masturbou-se coisa que não fazia desde adolescente. Envergonhou-se do ato libidinoso e passou o resto do dia quieto por ser sentir culpado.

Juan era noivo de Júlia uma moça que conhecia desde criança. Júlia, líder do coral da igreja, era filha de pequenos agricultores e entusiasta das “coisas do Senhor”. Casta e pudica tinha um namoro frio com Juan, uma coisa quase que por convenção, e mal o beijava na boca (dava “mini” selinhos). Juan e Júlia se casariam daqui a três meses o que aumentava a culpa de Juan pelo desejo quase incontrolável que sentia por Maria. Desorientado o rapaz voltou ao posto para vê-la novamente e assim fez por dias e dias. Num desses dias Pablito “Roncador” Gomes um dos caminhoneiros mais brutamontes da região resolveu que queria ter com Maria. A agarrou e quase a tomara a força. Vendo a situação Juan não pensou duas vezes. Invadiu o bar, pegou uma garrafa de Libra Culida e a arrebentou com toda a força na cabeça de Gomes. O grandão caiu com tudo enquanto uma grande poça de sangue começara a aparecer. Logo após o golpe, como que por instinto, Juan tomou Maria em seus braços e a beijou. Ambos passaram por cima de Roncador e, sem desgrudar os lábios, foram direto para uma espécie de depósito que ficava atrás do bar. Trôpegos mal conseguiam ficar de pé enquanto Juan abaixava a alça do vestido de Maria e chupava seus seios com toda força quase que os “arrancando” fora. Pegava na bunda da morena com toda a força juntando-a a seu membro mais duro do que concreto. Ela tentava em vão rebolar, pois a força do jovem era tamanha que mal ela conseguia se mover. Puxou sua ordinária calcinha até rasga-la e a possuiu com toda força que poderia ter. Metia com vontade como se quisesse entrar corpo todo dentro daquela deusa morena cor de pecado. Gozou como se o mundo fosse acabar e “morreu de amor” nos braços de Maria. O jovem era homem pela primeira vez. Enquanto Juan se recobrava, a garota imaginava quem era aquele cara que a fez perder os sentidos: “Era o príncipe que tanto esperei” martelava em seu cérebro. Nem deu tempo de perguntar seu nome. Quando se desfez Juan abotoou suas calças e saiu quase que em disparada rumo ao centro da pequena cidade deixando Maria ali jogada, violada e confusa. 

Dias se passaram e Juan não voltou ao posto. Maria, desolada, só cantava Mi amor se voy como un sopro de verano abraçada a eterna companheira vassoura. Enquanto isso Juan convivia com aquele aperto no coração típico dos perdidamente apaixonados enquanto os dias passavam e seu casamento se aproximava. Covarde, ia se preparando para a cerimonia. No dia, um sábado especialmente quente, estava arrumado. Terno pérola, gravata cinza e sapatos que, dizem Tia Lucrécia, vieram da Europa. Estava ensopado de suor por causa do calor incessante. Ficou à beira da janela por horas imaginando o corpo de Maria, seus olhos, cheiros e pernas... Foi para a igreja. Júlia entrou ao som de algum cântico religioso que seu espirito irrequieto não decifrava. Sua pele branca, quase desbotada, se confundia ao branco do vestido e aquilo por algum motivo o incomodava. A cerimonia seguia até a hora do famigerado “sim”. Neste instante, como numa fita americana que tinha visto há uns tempos atrás (filme com aquele ator, o Richard Gere), Juan saiu em disparada rumo ao único lugar em que se sentir em paz: O colo de Maria. 

Chegando ao posto não a viu. Perguntou a um baixinho de óculos - que parece que a substituía – sobre a garota e ouviu algo que era como se o rasgasse por dentro. O baixinho disse Maria havia se amasiado com Roncador e que tinha ido embora há uns três dias. Desesperado Juan pediu o endereço e, por sorte, não era muito longe. O rapaz sabia que não podia voltar atrás. Parou na casa de Seu Ramon e pediu um calibre 38 “emprestado” por 10 pesos. Pegou carona no trem e foi a Santa Luzia onde Maria e Roncador moravam. Chegou à cidade e logo descobriu onde o casal morava. Sem plano traçado foi até o local e entrou casa adentro. Logo viu Maria, ao chão, limpando o que parecia ser um vomitado de Roncador que estava sentando a um sofá velho e rasgado ouvindo Dolores Del Mar. Quando o viu, Roncador Gomes logo alevantou-se com todo o ímpeto e perguntou o que estava acontecendo. Juan olhou para Maria e ela retribuiu com um olhar cumplice como de quem não queria estar ali. Foi a senha para Juan puxar o 38 velho e disparar três vezes contra o caminhoneiro. O terceiro tiro, certeiro, foi direto no coração e matou o homem que lá ficou jogado. Juan pegou a morena pelos braços e os dois fugiram sem rumo ou direção qualquer. 

Pegaram “carona” numa carroça que era guiada por Luisito “Passarito” rumo a San Cristóbal. Ficaram hospedados numa pequena choupana cedida por Passarito onde passaram a noite. Fizeram amor ainda mais intensamente do que da primeira vez abençoados pela noite estrelada mais linda. Ao acordar perceberem-se cercados pela polícia local já alertada sobre o assassinato de Roncador. Entreolharam-se e, mais uma vez inflamado pelo olhar cumplice de Maria, Juan decidiu enfrentar a polícia. Ele e sua amada acabaram mortos pela polícia local. Contudo, dizem, que não há bala de revolver que mate o amor que um tinha pelo outro. Não sou eu que contei essa estória. Foi Júlia uma prostituta daqui de San Eleno. Ela disse que só entrou nessa vida por causa de uma forte desilusão amorosa e que sente Juan em cada homem com quem se deita. Admito que nossa transa hoje foi muito mais legal, pois me peguei imaginando a tal Maria o tempo todo. Eita polaquinha boa de contar estória e animar o sexo que é essa tal de Júlia.

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